Eliziário Goulart Rocha: Ninguém rouba a pole de Lula
Adotar um corrupto implica responsabilidades. Significa ter de protegê-lo com amor paternal do permanente risco de um confronto com o Código Penal
A retomada do julgamento da chapa pelo TSE coloca na berlinda Michel Temer e – mas quem se importa com ela a esta alturas – Dilma Rousseff. Aécio Neves está todo enrolado e Sérgio Cabral se tornou réu em dez processos da Lava Jato, um recorde impressionante. Fora outros figurões engaiolados ou à espera das algemas.
Mesmo com tanta fartura, o primeiro posto já tem dono. Da mesma forma que ninguém tirava a pole position de Ayrton Senna da Silva, o menino sem medo que nos acordava mais cedo aos domingos e enchia de orgulho todos os “da Silva” deste país, ninguém tira de Luiz Inácio Lula da Silva, o menino sem vergonha que nos faz ter pesadelos e desonra o mais brasileiro dos sobrenomes, a pole position na fila de embarque formada por passageiros do camburão.
Somente quem finge que nada sabe ainda acredita no homem que finge que nada sabe. A cegueira ideológica espanta, sobretudo, por assaltar mentes grisalhas com diploma universitário, pós-graduação, doutorado e MBA. Para essa gente, os dólares subtraídos aos cofres públicos pelo corrupto de estimação do vizinho parecem sempre mais verdes do que os surrupiados por seu próprio corrupto de estimação. Jamais irão aceitar o fato de que de Paulo Maluf, uma espécie de decano brasileiro das malfeitorias com dinheiro público, a Lula, dono da camisa 10 e capitão da seleção nacional dos colecionadores de pixulecos, corrupto é corrupto. Aliás, no cenário atual, Maluf pode sonhar, no máximo, com uma vaga na Segundona da safadeza.
Adotar um corrupto implica responsabilidades. Significa, por exemplo, ter de alimentá-lo o tempo todo e protegê-lo com amor paternal do permanente risco de colisões com o Código Penal. Mas os seguidores da viva alma muito viva não querem saber dessas miudezas. Ao contrário do que ocorre em jogos de adolescentes ou marmanjos desmiolados de qualquer idade, seguem tentando provar que “o seu é maior do que o meu”.