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Editorial do Estadão: A nova mobilização sindical

Sua versão "virtual" vem se provando dinâmica o bastante para que as reivindicações dos trabalhadores sejam levadas em conta

Por Cristyan Costa Atualizado em 30 jul 2020, 20h07 - Publicado em 3 dez 2018, 18h33

A Central Única dos Trabalhadores (CUT), maior agremiação sindical do País, lançou um plano de demissão voluntária com o objetivo de reduzir sua folha de pagamentos. O motivo é conhecido: sem o dinheiro fácil da obrigatoriedade da contribuição sindical, em boa hora extinta pela reforma trabalhista aprovada em 2017, e diante da crescente sangria de filiados, a CUT e outras entidades do gênero estão cortando na carne para não perecerem.

De fato, parece haver uma relação direta entre o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical e a penúria dos sindicatos, mas o fato incontornável é que o dinheiro obtido pela cobrança daquele imposto vinha servindo somente para manter um modelo de mobilização trabalhista que está em acelerada decadência. Ou seja, retirada a contribuição, ficou explícito que esses sindicatos não dispõem mais da capacidade que no passado já foi imensa e temida de liderar os trabalhadores em suas reivindicações.

Foi-se o tempo em que os trabalhadores dependiam dos sindicatos para se mobilizar e obter benefícios e reajustes salariais. Como mostrou recente reportagem da revista The Economist, as redes sociais vêm substituindo as assembleias como forma de decidir a pauta de reivindicações e combinar um protesto ou uma paralisação. A reportagem cita o exemplo de uma greve de professores em Virgínia Ocidental, nos Estados Unidos. O sucesso desse movimento foi garantido por uma página no Facebook que centralizou as discussões. Nada menos que 70% dos professores do Estado se cadastraram na página.

Na França, cidadãos de classe média vêm se mobilizando a partir das redes sociais para protestar contra o aumento dos combustíveis, num movimento que começa a ser levado a sério no país no fim de semana passado, 280 mil franceses foram às ruas para protestar, muitos com coletes refletivos amarelos, obrigatórios para motoristas na França e que se tornaram o símbolo do protesto. Não há líderes conhecidos, não há partidos ou sindicatos envolvidos, e a pauta é difusa.

Fenômeno semelhante ocorreu no Brasil em maio, com o movimento grevista de caminhoneiros autônomos. A paralisação, de grandes proporções, não foi liderada nem organizada pelas entidades que dizem representar esses profissionais houve até um momento em que essas associações fecharam um acordo com o governo pelo fim da greve, mas os caminhoneiros, mobilizados pelas redes sociais, rejeitaram o acerto e mantiveram o protesto. Ficou claro que os sindicatos de caminhoneiros haviam se tornado dispensáveis.

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Tudo isso talvez ajude a explicar por que os sindicatos brasileiros perderam 1,5 milhão de associados somente nos últimos dois anos, conforme recente pesquisa do IBGE. Apenas 14,4% dos trabalhadores do País são sindicalizados.

Mas outro aspecto fundamental, também relacionado aos recentes avanços tecnológicos, tanto na área de comunicação como na indústria, deve ser levado em conta para entender a decadência do antigo modelo sindical: o próprio trabalho está passando por profundas transformações. Empregos tradicionais, especialmente na indústria berço do movimento sindical , vêm sendo substituídos pela robotização. Além disso, a tecnologia tem permitido que trabalhadores atuem por conta própria, especialmente na área de serviços.

O “sindicato” desses trabalhadores está nas redes sociais, onde compartilham experiências e, quando é o caso, se organizam para protestar já há até empresas de serviços digitais especializadas em organizar esses grupos. Tentando adaptar-se aos novos tempos, grandes sindicatos europeus, como o alemão IG Metall, começaram a oferecer seus préstimos também para trabalhadores autônomos, dada a crescente terceirização da mão de obra.

Nada disso significa que o poder de negociação dos trabalhadores será igual ao que tinham quando os grandes sindicatos imperavam. No entanto, os sindicatos “virtuais” vêm se provando dinâmicos o bastante para que as reivindicações dos trabalhadores sejam levadas em conta.

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