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Celso Arnaldo: Dilma foi nocauteada pelo nome do bairro onde enfrentou Carminha

CELSO ARNALDO ARAÚJO Mais dramático que o clímax de Avenida Brasil! No mesmo horário, a mocinha Dilma Rousseff luta contra todas as suas forças para dizer “Cajazeiras” e faz uma confissão digna de último capítulo: “Tem hora que eu fico tatibitati, viu gente?” A ideia era adiar para o sábado o comício do bairro de […]

Por Augusto Nunes
Atualizado em 31 jul 2020, 07h34 - Publicado em 23 out 2012, 16h09

CELSO ARNALDO ARAÚJO

Mais dramático que o clímax de Avenida Brasil! No mesmo horário, a mocinha Dilma Rousseff luta contra todas as suas forças para dizer “Cajazeiras” e faz uma confissão digna de último capítulo: “Tem hora que eu fico tatibitati, viu gente?”

A ideia era adiar para o sábado o comício do bairro de Cajazeiras, em Salvador, fugindo à concorrência do capítulo final da novela que milhões de espectadores elegeram, em primeiro turno, como programa obrigatório da sexta-feira. A esta altura, comícios do PT, mesmo com a presença do astro-mór de seu elenco de canastrões, levam uma sova de audiência até do último capítulo de “Máscaras” e do primeiro de “Balacobaco” ─ imagine do fenômeno “Avenida”.

Mas tinha mesmo de ser na sexta. Sábado, era dia de Dilma jogar a máquina da presidência “republicana” no colo de Marcio Pochmann, em Campinas, e no de Fernando Haddad, em São Paulo. Algum meliante da turma da pesada do PT, afrontando a Justiça Eleitoral, chegou a pensar em levar um telão para o palanque, a fim de que o povo pudesse comparar as interpretações de Dilma e Carminha, sem perder um lance de ambas ─ mas uma juíza baiana, em boa hora, proibiu a patifaria. E a novela? Com certeza, o próximo Diário da Dilma registrará que ela deixou mamãe Dilma Jane gravando ─ até porque, sábado à noite, reprise do último capítulo, também tinha comício.

Sem a novela, era Dilma e o povo de Cajazeiras. Cajazeiras e Dilma. Audiência pequena, de TV estatal da Bélgica, mas qualificada ─ todos já votam no PT, com ou sem a estrela. Dilma então tomou fôlego e prometeu a si mesma: diante de meia-dúzia de abnegados, este discurso ficará para a história.

Dito e feito. Por ora, só os leitores da coluna tomarão conhecimento desta peça histórica ─ mas os historiadores sérios da era lulopetista, daqui a 50 ou 70 anos, se debruçarão sobre o lendário Comício de Cajazeiras, se só este sobrar na poeira do tempo, com o espanto de quem enfim descobriu que, durante esse período, o comando do país esteve entregue a figuras que o desqualificaram por um conjunto aterrador de despreparo, ignorância, má-fé e desonestidade política e intelectual ─ se houvesse nelas algum intelecto.

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“Boa noite Cazajeiras (sic), boa noite à Bahia, boa noite Salvador”

Do bairro para o estado e depois para a cidade, o mundo de Dilma dá voltas e traz a presidente a uma cidade onde, em 2010, teve uma vitória consagradora. Desta vez, a coisa é mais difícil. Pelegrino mal chegou ao segundo turno. Mas não depois desta noite. Te cuida, Carminha.

“Eu, quando chego aqui, tenho um sentimento. O sentimento é de gratidão. Imensa gratidão por cada (sic) mulher e por cada (sic) homem desse (sic) estado, dessa (sic) cidade, desse (sic) bairro de Cazajeiras (sic)…”

Agora a ordem fez sentido, apesar da desagradável e dupla cacofonia suína. Pena que o nome do bairro, na fala de Dilma, não tenha soado bem, pela segunda vez ─ é como se um presidente, num comício na Praça da Sé, tivesse chamado São Paulo de Pão Saulo. Duas vezes.

Desta vez, os cajazeirenses reagem em pequeno coro, com um alarido mouco:

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─ Cajazeiras!

─ Cazajeiras!, reincide Dilma, por reflexo condicionado.

A supergerente que finge conhecer todos os quadros de Caravaggio de nome e figura tira o pito do povo de letra ─ literalmente. Literalmente.

─ Ca-ja-zei-ras, escande cada sílaba, evocada na memória viva de quem, mesmo em fuga, tentava não perder um capítulo de “O Bem-Amado” e sobretudo das cenas das irmãs Doroteia, Dulcineia e Judiceia, apaixonadas por Odorico.

─ Ca-ja-zeiras, repete, triunfal, para não deixar dúvidas de que sua mente, como dizem os áulicos, é um mata-borrão de informações e conhecimentos. Até que foi rápido.

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Em “O Direito de Nascer”, uma das primeiras novelas da TV brasileira, o personagem de Dom Rafael, que detinha o segredo do nome de um filho legítimo não reconhecido e tinha sofrido um AVC no meio da trama, levou 93 capítulos para enfim conseguir pronunciar o nome do herdeiro:

─ Al-ber-ti-nho Li-mon-ta!

O Direito de Nascer? Dilma deve ter pensado de novo no último capítulo de “Avenida Brasil”, que estava para começar, e no sacrifício que fizeram os cajazeirenses ali presentes para perdê-lo. Era preciso trazer à cena uma revelação bombástica ─ daquelas que, pelo menos, encerram um bloco de novela. Lá vem:

─ Tem hora que eu fico tatibitate, viu, gente?

O fato de ter dito tatibitate sem tatibitatear já foi uma proeza. Admitir uma certa dificuldade de expressão foi outro feito ─ na história das presidências em nível mundial, só a confissão de Bill Clinton sobre já ter fumado maconha, mas sem tragar, foi mais impactante. Não houve surpresa, é claro, para os leitores desta coluna, que há anos conhecem a Dilma tatibitate de todas as horas. Ali, havia uma explicação:

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“Mas é emoção… E eu vim aqui porque eu quero dar um testemunho de uma pessoa, que é o Nelson Pelegrino”.

Dar um testemunho de, tomar um testemunho a, dar um testemunho sobre? Afinal, o que quer Dilma de Pelegrino?

“Pelegrino é meu companheiro. Meu companheiro de coração, de cabeça e de alma. O Pelegrino, o Jaques Wagner, toda (sic) esse time que está aqui nesse palanque e vocês, nós somos um time”.

Hum, metáforas sobre futebol não são exatamente o forte de Dilma ─ haja vista o “eu já vi, parei de ver, voltei a ver” sobre Nilmar e Ganso. Mas será muito pior do que nunca.

“Como um time de futebol ou o time de uma equipe de qualquer esporte” ─ só o PT de Dilma para ser “o time de uma equipe”.

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“É (sic) aquelas pessoas que pegam junto”.

Hum, hum. Pessoal do Supremo: é certo que já não cabe nada novo no processo do Mensalão. Mas uma confissão presidencial desse nível não é forte o bastante?

“Que tem a mesma força para agi (sic) junto. É isso que é um time…”

Não diga.

“Enquanto eu falo de um time, eu digo de pessoas que são capazes também de mudar as coisas, de transformar e de fazer aquela situação que dá alegria a todos nós”.

“Fazer aquela situação que dá alegria?” – algum cajazeirense captou algum sentido na coisa? Pelegrino só vai dar alegria?

“No caso da Bahia, nós tamos (sic) que nem (sic) quando é um time que marca gol…”

Quando o time do PTFC “marca gol (sic)”, tem obra aí ─ e não é das mais cheirosas. Porque daqui por diante, acaba a novela – e começa a vida real no mundo chicaneiro do PT, pior do que na mais grotesca novela mexicana.

O Comício de Cajazeiras não é apenas histórico por mais uma vez revestir de galhofa o despreparo universal de Dilma Rousseff como por, nos minutos seguintes, disponível ao exame dos leitores desta coluna, escancarar a mais desavergonhada ação de governo, de chantagem e ameaça, ao povo humilde de um bairro de Salvador cujo nome a presidente sequer sabe pronunciar. Se os soteropolitanos não elegerem esse “time que marca gol”, está implícito que eles não ficarão nem no banco na próxima administração da cidade, no que depender da técnica Dilma.

Essa história tatibitate de time de futebol é para a quarta divisão da política ─ a política de Dilma, a pior técnica do mundo para escalar seu ministério e seus aliados, e de seu maior craque, o perna de pau Lula da Silva.

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