Celso Arnaldo: ‘Marta merece a consolação gráfica de um artiguete semanal sobre movimentos que pipocam e piscam’
Celso Arnaldo Araújo Das 434 palavras e 2.217 toques que constituem a coluna de Marta Suplicy no primeiro sábado de novembro, não se aproveita um til. Não se tira dali uma ideia, uma reflexão, uma citação, uma imagem, uma metáfora, um chiste, uma revelação, um jogo de palavras, uma revelação, uma confissão. Um “relaxa e […]
Das 434 palavras e 2.217 toques que constituem a coluna de Marta Suplicy no primeiro sábado de novembro, não se aproveita um til. Não se tira dali uma ideia, uma reflexão, uma citação, uma imagem, uma metáfora, um chiste, uma revelação, um jogo de palavras, uma revelação, uma confissão. Um “relaxa e goza”, vá lá. Nada. Marta é Dilma escrita. Tem sido assim desde sua estreia na Folha, há dois meses e pouco.
Os textos de Marta são piores que os de José Sarney, o pior escritor do mundo, na forma e no conteúdo, se é que isso fosse possível. O acadêmico Sarney, a cada 10 ou 12 artigos, tinha um lampejo. A coluna de Marta é um conjunto uniformemente primário de elucubrações rasas sobre a “vida moderna”, como se fora uma observadora privilegiada das transformações do mundo, e num sociologês de quinta – que a senadora parece estar tentando copiar de seu péssimo antecessor.
Na verdade, Marta nada tem a escrever – e o nada que escreve, estranhamente, tem o nível de uma redação escolar do curso médio da era Lula/Haddad, não da escola da geração da própria senadora, que aliás estudou nos melhores colégios particulares do Brasil, formou-se em Psicologia pela PUC de São Paulo, tem mestrado em Psicologia Clínica pela Michigan State University e é pós-graduada na Stanford University. Segundo a biografia de seu site, escreveu nove livros. O convite da Folha, ao que tudo indica, foi ao currículo, não ao texto. Tivesse às mãos, premonitoriamente, uma das colunas até aqui publicadas, o editor responsável não a convidaria para o curso de trainees do jornal.
Como é provável que Marta Suplicy, assim como José Sarney, só tenha dois leitores cativos (Augusto Nunes e eu, ambos por cacoete profissional), perguntar-se-á: mas se só vocês a leem, why bother? Por que não a deixam em paz, naquele cantinho da página 2 do sábado, para ela fingir o orgasmo de uma coluna semanal no maior jornal do país, em cuja página escrevem Cony e Ruy Castro?
Ela já tem 66 anos, foi casada com Eduardo Suplicy por 30 anos, acaba de se tornar o único caso do mundo de candidata favorita nas pesquisas que recebe um apelo para não concorrer, é vice de Sarney no Senado.
Concordo: Marta merece a consolação gráfica de um artiguete semanal sobre movimentos que pipocam e piscam.