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A filha de José Serra não é a mais ferida por rumores que envolvem sobrenomes famosos

Na noite de 7 de setembro, o chefe da campanha de Dilma Rousseff  fantasiou-se de chefe do governo brasileiro para debochar do escândalo da Receita Federal no horário eleitoral do PT. Trajando um dos ternos que usava no emprego que abandonou, a bandeira nacional reproduzida no broche que identifica o presidente da República, Lula inocentou […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 14h17 - Publicado em 9 set 2010, 23h48

Na noite de 7 de setembro, o chefe da campanha de Dilma Rousseff  fantasiou-se de chefe do governo brasileiro para debochar do escândalo da Receita Federal no horário eleitoral do PT. Trajando um dos ternos que usava no emprego que abandonou, a bandeira nacional reproduzida no broche que identifica o presidente da República, Lula inocentou liminarmente a afilhada suspeita, absolveu os bandidos de estimação, condenou as vítimas, declarou-se injustiçado pelos preconceituosos de sempre, explicou que a candidata que fabricou é perseguida por ser mulher e tentou transformar o assassinato  de uma garantia constitucional numa invencionice do adversário, capaz de usar até a filha para ganhar a eleição.

Na noite seguinte, sempre a muitas milhas do local de trabalho, reapareceu em Minas Gerais com o uniforme de animador de comício. Camisa branca de mangas compridas liberada da cinta para camuflar a barriga, calça escura domingo-no-interior, cataratas de suor banhando o rosto e a roupa, Lula retomou o espetáculo do deboche. “Cadê esse tal de sigilo?”, berrou enquanto andava de lá para cá como pregador da Universal. “Cadê as informações desse vazamento que nunca aparece?”.

Esse tal de sigilo, evidentemente, continua onde sempre esteve: nos dicionários que o orador nunca folheou, ao lado de todos os outros substantivos. O que anda sumido é o direito ao sigilo, sequestrado da Constituição por fabricantes de dossiês decididos a destruir a imagem de José Serra com rumores infamantes sobre a filha Verônica.

Lula também sabe onde encontrar as provas do crime praticado por meliantes que, se fossem aloprados, teriam rasgado o dinheiro que embolsaram. Estão na internet, como lhe contou no começo do ano o próprio José Serra. Mais precisamente, nos blogs e sites estatizados que misturam dados obtidos ilegalmente na Receita Federal e falsidades forjadas para apresentar a filha do adversário como um próspero caso de polícia.

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Se visitar a rede, o presidente saberá que a fuzilaria destinada a Verônica Serra não é mais intensa nem mais feroz que a ofensiva movida há muito tempo contra outros sobrenomes famosos. As versões forjadas para atingir a filha do candidato são bem menos picantes, por exemplo, que os rumores envolvendo Fábio Luiz Lula da Silva, o Lulinha, em histórias temperadas por cifras com zeros demais.

A discurseira dos últimos dias proíbe Lula de ficar indignado com qualquer coisa que encontrar. Como vive repetindo, quem se mete em política não pode queixar-se de ferimentos infligidos a parentes, próximos ou distantes. Caso queira livrar o primogênito de injúrias e calúnias ─ e, simultaneamente, fazer outra provocação a José Serra ─ bastará ao presidente que desdenha do sigilo fiscal revelar, com todos os detalhes, o montante e a origem dos bens do Primeiro Filho.

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