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Augusto Nunes

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A deputada sem medo precisou de dois minutos para dizer a Chávez o que a oposição oficial brasileira deveria estar dizendo há dez anos a Lula e Dilma

“Estivemos durante oito horas escutando o senhor descrever um país muito distante do que sentem todas as mulheres e mães venezuelanas”, disse a deputada Maria Corina Machado já no começo da histórica admoestação endereçada ao presidente Hugo Chávez em janeiro de 2012, no plenário do Congresso. Clara, concisa e corajosa, a parlamentar oposicionista precisou de […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 06h26 - Publicado em 18 abr 2013, 22h10

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“Estivemos durante oito horas escutando o senhor descrever um país muito distante do que sentem todas as mulheres e mães venezuelanas”, disse a deputada Maria Corina Machado já no começo da histórica admoestação endereçada ao presidente Hugo Chávez em janeiro de 2012, no plenário do Congresso. Clara, concisa e corajosa, a parlamentar oposicionista precisou de menos de dois minutos para demolir a discurseira fantasiosa.

Entre outras constatações, Maria Corina acusou o bolívar-de-hospício de “expropriar e roubar propriedades privadas”, repetiu que gostaria de enfrentá-lo num debate público e convidou-o a transferir-se para o mundo real. “Diga a verdade à Venezuela, aqui há uma Venezuela decente”, desafiou a economista de 45 anos, mãe de três filhos, que conseguiu uma vaga no Legislativo em 2010 com a maior votação do país.

Na réplica bisonha, um Chávez grávido de constrangimento lembrou duas vezes, com expressão de quem não acredita no que acabou de ouvir, que havia sido chamado de ladrão. Também por isso achou mais sensato recusar o convite para o confronto verbal com a adversária singularmente articulada. Passados 15 meses, o chefe da revolução bolivariana segue insepulto numa urna de vidro. Maria Corina agora concentra a artilharia retórica no sempre claudicante Nicolás Maduro.

O vídeo foi incorporado ao acervo dos grandes momentos da saga sul-americana. Em 110 segundos, Maria Corina Machada disse a Hugo Chávez o que Lula e Dilma Rousseff deveriam estar ouvindo de políticos da oposição oficial. Sobram motivos. O que falta é altivez.

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