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Augusto Nunes

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“O samba do saci” e outras sete notas de Carlos Brickmann

Todos os partidos estavam livrando quem usou Caixa 2. Alguém descobriu, o projeto morreu, o Governo informou que jamais permitiria o golpe baixo

Por Branca Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 21h45 - Publicado em 25 set 2016, 07h42

Publicado na coluna de Carlos Brickmann

Ao contrário do Governo anterior, que não sabíamos por onde andava (ainda bem, porque quem sabia não era cumpanhêro, mas comparsa), temos agora um Governo que indica todos os dias o que vai fazer. Às segundas, quartas e sextas, anuncia providências; às terças, quintas e sábados, se desmente, ou adia o que era urgente. Aos domingos imagina novos planos.

Não dava para aguentar o déficit de R$ 170 bilhões, herança de Dilma. Era urgente baixá-lo. O Governo deu um aumentão para grupos poderosos do funcionalismo, gastando bilhões para inteirar o déficit de R$ 170 bilhões. Erraram na conta e o buraco ficou maior. Aumentou-se a previsão de capitais que serão repatriados. Só que o dinheiro ainda não existe.

Todos os partidos estavam livrando quem usou Caixa 2. Alguém descobriu, o projeto morreu, o Governo informou que jamais permitiria o golpe baixo – que, entre outros, era articulado pelo ministro Geddel.

Alguém ouviu o ministro Meirelles dizer que haveria corte de juros em 2015. Tanto disse que algum indiscreto ouviu. Mas Meirelles desmentiu.

Diz o Governo que a Previdência, com déficit crescente (em 2015, R$ 148,8 bilhões) ou é reformada com urgência ou quebra o país. E, como já estamos em setembro, o problema urgente ficou para o ano que vem.

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Todos os cidadãos, democraticamente, podem opor-se ao Governo ou apoiá-lo. Em nosso país peculiar, isso só depende do dia da semana.

 

Decadence avec elegance

Lula está investindo em sua imagem internacional. O evento que promoveu em Nova York, aproveitando a Assembleia Geral da ONU, para criticar o juiz Sérgio Moro e a Operação Lava Jato (pelo menos na parte que lhe cabe no latifúndio das investigações), foi caprichado. De acordo com o respeitado repórter Maurício Lima, de Veja, “foram servidos canapés de lagosta e camarão”, “acompanhados por taças de espumante”. Sai caro.

 

Bateu, cortou

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Da língua afiada do jornalista Cláudio Humberto, analisando a conjuntura: “Pensando bem, o tour de Lula para apoiar candidatos a prefeito do PT começa pelo Nordeste, mas tem tudo para acabar em Curitiba.”

 

Gleisi está diferente

A senadora Gleisi Hoffmann, do PT paranaense, estava loira há tanto tempo que sua antiga companheira de partido Dilma Rousseff só a chamava de “loirinha”. Mas os problemas de imagem dos políticos petistas, insultados em aeroportos, restaurantes, até no Exterior (Aloízio Mercadante foi vaiado em Portugal), levaram-na a mudar de imagem: pintou os cabelos de castanho. Línguas ferinas, lembrando a definição ideológica do ex-governador Leonel Brizola, tentaram apelidá-la de Socialista Morena. Este colunista prefere lembrar Carlos Drummond de Andrade, no poema que, mudando a cor dos cabelos, é a cara de Gleisi: Também já fui brasileiro:

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“Eu também já fui brasileiro/moreno como vocês (…)/ Eu também já tive meu ritmo,/  Fazia isso, dizia aquilo/ E meus amigos me queriam,/ meus inimigos me odiavam./ Eu irônico deslizava/ satisfeito de ter meu ritmo./  Mas acabei confundindo tudo./ Hoje não deslizo mais não,/ não sou irônico mais não,/ não tenho ritmo mais não.”

 

Como acontece

Ninguém deve acreditar na história de que Eike Batista acordou com vontade de expiar eventuais pecados, pegou o telefone, ligou para o pessoal da Lava Jato e entregou espontaneamente o ex-ministro Guido Mantega. Eike teve excelentes motivos para decidir depor mesmo sem ser intimado.

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As acusações

No seu depoimento, a principal denúncia de Eike foi contra Mantega. Acusou-o de ter pedido a ele, Eike, R$ 5 milhões, que lhe foram entregues pela empresa OSX, de construção naval; mais 2,5 milhões por intermédio de agências de publicidade que atendiam a outras empresas de seu grupo.

 

As investigações

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Dizem investigadores da Polícia Federal que Mantega pediu diretamente ao comando de uma empresa privada que repassasse recursos a um partido político da situação para pagar dívidas de campanha. “Estes valores teriam como destino pessoas já investigadas na operação e que atuavam no marketing e propaganda de campanhas do mesmo partido”, diz a PF.

 

A guerra interna

O PMDB federal enfrenta o risco de cisões. Motivo? Acertou: dinheiro. Moreira Franco, homem de confiança de Temer e presidente da Fundação Ulysses Guimarães, se negou a repassar recursos da fundação para a campanha. Em represália, o PMDB não entregou à fundação, neste mês, os habituais 20% do dinheiro (público) que recebe do Fundo Partidário.

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