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‘Nassif publica carta de leitor como se fosse editorial do El País’, por Flávio Morgenstern

PUBLICADO NO SITE IMPLICANTE FLÁVIO MORGENSTERN Uma ideia surge de algum planejamento racional a partir da realidade. Uma ideologia é um modo de pensamento que seleciona elementos da realidade para vender uma ideia anterior. Luis Nassif vende a ideia de que o PT é uma falange de anjos. E trata qualquer estupidez como fato científico […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 07h20 - Publicado em 27 nov 2012, 13h46

PUBLICADO NO SITE IMPLICANTE

FLÁVIO MORGENSTERN

Uma ideia surge de algum planejamento racional a partir da realidade. Uma ideologia é um modo de pensamento que seleciona elementos da realidade para vender uma ideia anterior. Luis Nassif vende a ideia de que o PT é uma falange de anjos. E trata qualquer estupidez como fato científico para doutrinar seus leitores.

Como não bastasse ter caído em uma piada sobre a morte de Oscar Niemeyer há poucos dias, a despeito de suas ganas de ser um jornalista “mais articulado e pesquisador” (não clicou sequer no link da notícia, de um perfil humorístico fake), afirma agora que o jornal El País elogia visão estratégica de Dilma.

Publicado em espanhol em seu bem remunerado blog, a “notícia” é outra esparrela: trata-se da carta de um leitor, Bruno Ayllón Pino, como os comentários que qualquer um pode fazer ali abaixo, rasgando-se de elogios a Dilma. Nenhum jornalista do El País fez uma sequela de elogio a Dilma nessa patacoada toda. Pior: o escritor do “elogio da visão estratégica” (seja lá qual ela for) é pesquisador da UFSC e da USP, além de atuar no IPEA.

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Por que um comentário qualquer de um leitor qualquer, para Luis Nassif, é alçado à categoria de “notícia” que deve ser lida com urgência por seus leitores, e ainda atribuída ao El País? Alguma relação com sua “atuação” em eventos “progressistas”, em que costuma(va) aparecer lado a lado de José Dirceu, sempre muito bem alimentados com dinheiro do contribuinte?

(Para quem não lembra, é aquela forma estranha de imprensa em que se paga por ela à força, mesmo que não se queira lê-la por desconfiança em seus quadros, usualmente expulsos da imprensa por sua falta de credibilidade.)

Não deixa de ser engraçadamente curioso o que Nassif destaca como se fosse fala do jornal, quase na abertura:

Me considero una persona racional y científica, pero no pude contener la emoción al escuchar el discurso de la presidenta y al procesar mentalmente todos los avances de aquel país que pisé por primera vez hace más de 25 años.

Y sentí también una envidia sana. De una presidenta con visión estratégica, con personalidad, afirmativa y altanera sin pretenciosidad. De un país pujante, que confía en sus capacidades y recursos, que planifica elementos centrales del crecimiento económico, la inclusión social y la proyección exterior. oda una experiencia de desarrollo y de presencia soberana en el mundo que nuestra pobre España debería conocer y aplicar.

Não se sabe se Nassif também se considera “uma pessoa racional e científica”, nem sequer o que exatamente é “uma pessoa científica” ─ provavelmente aquelas que se acham certas o tempo todo, e que menos fazem uso de alguma ciência para  tal (o excelente filme Lost Skeleton of Cadavra mostra um bom exemplo do que é uma “pessoa científica”).

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Mas é mesmo engraçado que tal frase abra um texto atolado de apelos emocionais irracionais de cabo a rabo, sem nenhuma explicação factual do que afirma ─ abarrotado de expressões como “proteção exterior”, como se um jornal espanhol fosse elogiar perder comércio com o Brasil, ainda mais colocado como “elemento central do crescimento econômico” ─ sim, aquele, de 2,8%, o menor dos BRICs, mas prometido como 5% pela “visão estratégica” (eleitoral?) de Dilma (e já antevisto como “vigoroso” para 2013, para quem já esqueceu o festival de dadas para trás das previsões de Mantega e sua “visão estratégica” em 2011).

Também é bacana ver um “editorial do El País” que, depois da emocionadíssima primeira pessoa que faltou pouco para ir às lágrimas depois de “processar mentalmente” os avanços dos últimos 25 anos do país (deste aqui), tem “confiança em seus recursos” (!) e agradece pela “planificação dos elementos centrais de sua economia” (!!!). Algo meio Mao Tsé-Tung criando fazendas coletivas e confiando na produção de grãos para comprar armas nucleares ─ o que nos dá muita felicidade por estarmos muito melhores do que nosso amigo faz crer.

Claro que sempre se pode coroar o bolo cerejosamente elogiando a “presença soberania” brasileira. Como se todo Estado que é mesmo um Estado não fosse soberano simplesmente por ser um Estado, não deixando espaço na imaginação do já risonho leitor para saber o que falta à Espanha aplicar sua “soberania”. Claro que não se fala em expurgar estrangeiros aleatoriamente como bodes expiatórios do fracasso nacional elogiando a tal “proteção exterior”, mas fica dado o recado.

Mas, claro, um elogio a Dilma vira sempre motivo para um grande post doutrinador no blog do governista supremo da nação. Mesmo com “erros factuais”. Mesmo em primeira pessoa, com estilo lírico, emotivo, de um eu-lírico tresloucadamente arrebatado pela estrela vermelha, que o faria ser expulso de qualquer redação, se inventasse de torná-lo uma espécie de Carta ao Leitor do El País, de “quando o olhar estrangeiro percebe com simplicidade o que custa ser reconhecido no nosso próprio quintal”.

Mas talvez seja um excelente ensejo para um novo contratinho com o governo. Tudo em nome da ciência e da razão.

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