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Viagem histórica: quatros civis vão ao espaço hoje em nave da SpaceX

Missão inédita tem como objetivo inspirar a humanidade a vencer desafios na Terra e no céu

Por Sergio Figueiredo Atualizado em 15 set 2021, 11h21 - Publicado em 12 set 2021, 08h00

Formação em ciências exatas. Saúde e condicionamento físico perfeitos. Carreira militar de piloto de jato na Marinha ou na Aeronáutica. Coragem e postura estoica diante do perigo. Esses eram os requisitos mínimos para fazer parte do quadro de astronautas da Nasa até cinquenta anos atrás e, mesmo hoje, muitas das exigências continuam valendo. O rigoroso processo de seleção da agência espacial americana buscava homens que emulassem os deuses da mitologia greco-romana e, não à toa, os programas recebiam nomes como Mercury e Apollo, divindades associadas à velocidade e à luz. No próximo dia 15, entretanto, os compêndios da exploração espacial terão de abrir um novo capítulo em suas páginas quando a SpaceX colocar em órbita, pela primeira vez na história, quatro cidadãos comuns escolhidos de forma a representar toda a humanidade.

A NAVE - A cápsula Dragon com o domo na ponta: vista privilegiada do cosmo -
A NAVE - A cápsula Dragon com o domo na ponta: vista privilegiada do cosmo – (spaceX/.)

A primeira tripulação civil em uma missão orbital foi batizada de Inspiration4, e suas origens são mesmo inspiradoras. Quatro histórias de vida se entrelaçaram para chegar a esse voo histórico, mas tudo começou com um sonhador, o bilionário Jared Isaacman. Pouco conhecido no Brasil, ele largou o colegial em 1999, com 16 anos, para criar uma empresa precursora em pagamentos digitais. Hoje em dia, metade das transações em restaurantes nos Estados Unidos é feita pela sua empresa, a Shift4. Mas o coração do empresário de 38 anos está em outro negócio: a maior companhia de treinamento de pilotos de caça do mundo, com acervo de 100 jatos. Mesmo tendo licença de voo, Isaacman sabia que, para ir de piloto a astronauta, precisaria da ajuda de outro bilionário, e ele não seria Richard Branson nem Jeff Bezos, que fizeram em julho os primeiros voos suborbitais comerciais. Isaacman não queria apenas subir e descer como uma pedra — seu desejo era orbitar a Terra, com uma tripulação de gente como ele, a 28 000 quilômetros por hora e 575 quilômetros de altitude, acima da Estação Espacial Internacional (ISS). E essa viagem somente Elon Musk e sua SpaceX poderiam proporcionar.

A empresa de Musk já transporta astronautas da Nasa à ISS, mas, desta vez, será diferente. Como não atracará na estação, a escotilha da cápsula Dragon foi substituída por um domo que dará visão ampla aos viajantes. O custo da adaptação consumiu apenas uma fração dos estimados 200 milhões de dólares que Isaacman pagou à SpaceX para usar o Falcon 9, foguete reutilizável que decolará do Cabo Canaveral, na Flórida. Para mostrar que a Inspiration4 não é um passeio turístico, a tripulação conduzirá experimentos por três dias até mergulhar no Oceano Atlântico. Além disso, Isaacman trabalha para levantar a mesma quantia gasta com a SpaceX a fim de doá-la ao hospital infantil St. Jude, no Tennessee. Dedicado à pesquisa da cura do câncer, o St. Jude já recebeu de seu benfeitor 100 milhões de dólares. O restante está vindo de doadores individuais e da cessão dos direitos de filmagem à Netflix, que está produzindo um documentário em episódios, parte deles já disponível no Brasil.

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A escolha da equipe, por sinal, vale um documentário. Hayley Arceneaux, de 29 anos, foi diagnosticada com câncer nos ossos com 10 anos de idade. Ela encontrou a cura no St. Jude e hoje, mesmo usando prótese, trabalha como enfermeira para ajudar outras crianças no mesmo hospital. O engenheiro Chris Sembroski, de 42 anos, fez uma doação ao St. Jude e concorreu a um lugar a bordo. Ele não foi sorteado, mas acabou recebendo o bilhete de um amigo, que o indicou para seu lugar. A quarta integrante, com 51 anos, é a mais velha do grupo. Doutora em ciências, Sian Proctor se inscreveu na Nasa, mas não foi escolhida. No entanto, seu empreendedorismo lhe garantiu um atalho para o espaço. A cápsula Dragon é autônoma e dificilmente necessitará dos talentos de pilotagem de Isaacman, mas as quatro vidas que ela carregará a bordo vão inspirar outros civis a viajar ao espaço, ao mesmo tempo que o St. Jude lembrará a todos dos desafios que ainda precisam ser vencidos na Terra.

Acompanhe a transmissão ao vivo do Cabo Canaveral a partir das 20h (horário de Brasília). A decolagem está prevista para ocorrer às 21h

Publicado em VEJA de 15 de setembro de 2021, edição nº 2755

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