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‘Uma espécie some a cada vinte minutos’

Estrela do programa mais popular sobre vida selvagem da televisão mundial, Jeff Corwin diz que o impacto do homem sobre o planeta é semelhante ao do asteroide que extinguiu os dinossauros

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 17h13 - Publicado em 16 out 2010, 11h13

Há um sentimento de urgência em todas as frases que saem da boca do americano Jeff Corwin. Estrela do programa sobre vida selvagem mais popular da televisão mundial, Jeff Corwin em Ação, o apresentador acredita que sua tarefa é mais do que somente entreter. “Uma espécie se extingue a cada vinte minutos e, em boa parte, nós somos os responsáveis”, diz ele. “A quinta grande extinção em massa do planeta, a dos dinossauros, aconteceu há 65 milhões de anos pela queda de um asteroide. A sexta pode estar em curso e, desta vez, nós somos o asteroide. Se continuar assim, vamos aniquilar metade das espécies do planeta antes do fim do século.” Corwin, que acaba de visitar o Brasil para tomar parte no Fórum Global de Sustentabilidade, realizado no Festival SWU de Música e Arte, é uma das grandes celebridades do movimento conservacionista. Seu novo projeto é a criação de uma rede interativa de apoio para a nova geração de preservacionistas. “Não importa onde esteja, se tiver uma conexão à internet você poderá usar a JeffCorwinConnect para garantir que agressões ao meio ambiente serão divulgadas para o mundo”, diz ele.

A criação dessa rede global de cidadãos verdes é uma das maneiras que Corwin encontrou para combater o que chama de “tempestade de extinção”, uma força de destruição provocada, principalmente, pelo aquecimento global, pela poluição, pelo consumo excessivo de recursos ambientais e pelo crescimento populacional. Para Corwin, a morte de anfíbios é a prova cabal de que essa extinção já começou. Depois de 350 milhões de anos de existência, o número de espécies de anfíbios deve cair pela metade, de 6 000 para 3 000, nas próximas quatro décadas. “Os anfíbios são tremendamente suscetíveis a pioras na qualidade do ar e da água e a mudanças de temperatura. Sua morte em massa é um alerta de que o planeta está em perigo.”

Em seu livro mais recente, 100 Heart­beats (100 Batidas de Coração: a Corrida para Salvar as Espécies Mais Ameaçadas da Terra, ainda não publicado no Brasil), Corwin fala de espécies cuja população selvagem está reduzida a cerca de cem indivíduos – número que indica a iminência da extinção. A ideia para a obra surgiu num diálogo desconcertante com a filha Maya, de 7 anos. A menina o viu segurando uma rã dourada do Panamá num vídeo e pediu para observar de perto o animal. “Respondi que não era possível, pois aquele era o último indivíduo conhecido da espécie. E ela me disse: ‘Papai, você falhou’. Como se eu não tivesse feito meu trabalho.” 100 Heartbeats ganhou uma versão em documentário transmitida pela rede americana NBC no ano passado. “Cada vez mais, penso na televisão como uma ferramenta para educar”, diz Corwin. O documentário chegou ao topo do ranking de audiência, assim como Jeff Corwin em Ação, que já alcançou a marca de 13 milhões de pessoas só nos Estados Unidos (índice comparável ao dos seriados populares, como The Big Bang Theory e Two And a Half Men). Apesar de ter sido gravado entre 2001 e 2005, o show passa até hoje na TV americana e é retransmitido para mais de setenta países. No Brasil, os programas de Corwin são exibidos pela rede de canais pagos Discovery.

A jornada para a carreira de conservacionista que atrai multidões começou quando Corwin ainda era um estudante de colegial visitando a selva de Belize, na América Central. “Fiquei deslumbrado com o caleidoscópio de vida que explodia ao meu redor. Mas também fiquei angustiado quando me dei conta de que as florestas tropicais estavam sendo destruídas rapidamente. Minha carreira começou com essa experiência”, lembra. Corwin foi estudar biologia e antropologia, mas não conseguiu ficar muito tempo longe da selva. Interrompeu a faculdade várias vezes para morar em alguma aldeia indígena no meio da floresta, onde aproveitava para fazer pesquisas sobre cobras e morcegos. Por causa dessas andanças, virou personagem de um documentário da National Geographic. “Foi outra grande mudança, o momento em que percebi que queria usar a televisão para falar da natureza.”

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A entrada na TV foi mais difícil do que perseguir anacondas num rio. Cor­win só conseguiu uma oportunidade depois que fingiu ser o médico particular de um produtor. “Disse para a secretária que estava com os resultados de seus exames e, quando ele me atendeu, implorei para que ouvisse minha ideia de programa.” O executivo acabou vendendo o projeto para o Disney Channel, que contratou Corwin. Mais tarde, o apresentador se mudou para o Animal Planet e para o Discovery, no qual ajudou a redefinir o formato dos programas sobre vida selvagem com uma mistura de informação, aventura e humor. Corwin também apresenta programas sobre comida, mais uma vez com viés ambiental. Em cada país visitado, o Extreme Cuisine trata de pratos cujos ingredientes são produzidos de maneira sustentável. Diz Corwin: “Em muitos países, inclusive Brasil e Estados Unidos, a população de crianças obesas cresce sem parar. Uma das razões é que as pessoas perderam o contato com a comida, aquele hábito ancestral de lidar com os ingredientes na cozinha. Agem como se ela surgisse do nada nos refrigeradores de supermercado”.

Corwin passa dez meses do ano viajando. Já sofreu um acidente de trem na Índia e ficou no fogo cruzado entre caçadores de rinoceronte e guardas florestais na África. O pior aconteceu em 2007. O apresentador quase foi morto por um elefante. “Sei que estive muito próximo da morte”, relembra. Mesmo assim, não pensou em parar. “Quando estou numa floresta, o único bicho que tenho medo de encontrar é o homem.”

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