Um em cada quatro médicos é assediado nas redes sociais
Especialistas da saúde são atacados online por motivos de raça, religião e até mesmo por suas opiniões médicas
Se, por um lado, a internet foi uma ferramenta extremamente útil para médicos durante a pandemia, que puderam usá-la para realizar consultas urgentes e orientar pacientes, por outro, o universo virtual pode ser extremamente hostil para eles. Um novo estudo realizado em parceria pelas universidades norte-americanas Northwestern e de Chicago apontou que 25% dos doutores relata assédios pessoais e sexuais nas redes, seja por causa de sua religião, raça ou recomendações médicas.
Publicada no último dia 4 no periódico científico JAMA Internal Medicine, a pesquisa é a primeira a descrever experiências de médicos com o assédio online. Entre os relatos coletados, estão histórias de ameaças (desde estupro até a morte) e publicação de informações pessoais do especialista sem permissão. A proporção de ameaças sexuais registrada é muito maior entre mulheres do que homens.
De acordo com o trabalho, uma possível consequência desse mecanismo é o afastamento de médicos do sexo feminino das redes sociais, privando-as de ferramentas que são muitas vezes formas úteis de alavancar a carreira. Com isso, indivíduos que poderiam ser ajudados com simples recomendações médicas serão privados dessa ajuda gratuita.
Em tempos de Covid-19, em que doutores e especialistas de todo o planeta estão sob escrutínio inédito, constatações como as desse estudo são bastante poderosas. Se não conseguirmos fazer do ambiente presencial e nem do ambiente digital um local de confiança para essas pessoas, todos nós perderemos.