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Trump deve abandonar as pesquisas climáticas da Nasa

Presidente eleito dos EUA pretende investir na exploração do espaço profundo e eliminar estudos da Nasa que monitoram mudanças do clima

Por Da redação
23 nov 2016, 11h08

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, pretende cortar os recursos destinados a pesquisas sobre mudanças climáticas conduzidas pela Nasa. Apesar de o magnata afirmar que está com a “mente aberta” sobre o tema, Robert Walker, o principal assessor de Trump para política espacial, afirmou que a agência americana deve abandonar estudos “Terra-cêntricos” e concentrar suas atividades na exploração do espaço profundo, em entrevista ao jornal britânico The Guardian. Em outras palavras, isso significa eliminar as reconhecidas pesquisas da Nasa com uma extensa rede de satélites que analisa a temperatura do planeta, nuvens, camadas de gelo e outros fenômenos que influenciam no clima, e investir em viagens para além da órbita terrestre, como a colonização de Marte ou missões que exploram os limites do sistema solar.

“Vemos a Nasa com um papel de exploração em pesquisas sobre o espaço profundo. A ciência ‘Terra-cêntrica’ está melhor colocada em outras agências que têm essa missão como prioridade”, afirmou Walker ao The Guardian. “Meu palpite é que seria difícil parar todos os programas da Nasa [relacionados ao tema] em curso, mas os futuros deveriam definitivamente ser localizados em outras agências. Acredito que a pesquisa climática é necessária mas tem sido muito politizada, o que acabou por minar grande parte do trabalho feito pelos cientistas. As decisões de Trump serão baseadas em ciência sólida, não em ciência politizada”, afirmou Walker.

Em um editorial publicado no site Space News, em outubro, Walker, em conjunto com Peter Navarro, também assessor de Trump para política espacial, já havia afirmado que “a exploração humana de todo o sistema solar, até o fim do século, deveria ser o foco e a meta da Nasa”.

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Esse é um bom objetivo para aqueles que pretendem ver o homem chegar a Marte, como o Barack Obama vinha defendendo, mas impedir as pesquisas da Nasa em nosso planeat tem preocupado os especialistas. A rede de satélites de agência espacial americana é reconhecida pela comunidade científica internacional como uma das fontes fundamentais de dados que ajudam a monitorar e analisar os efeitos da atividade humana no clima global. Entre esses programas está a missão Gravity Recovery and Climate Experiment Follow-On (Grace-Fo), que consiste em dois novos satélites que devem ser lançados entre 2017 e 2018 para estudar como o planeta está reagindo às mudanças climáticas. A Nasa também deve enviar em 2021 a missão Surface Water and Ocean Topography, feita em conjunto com as agências espaciais francesa e canadense, que será o primeiro programa a medir as mudanças da água da superficie da Terra ao longo do tempo.

Segundo as previsões de recursos da Nasa para 2017, o total destinado a pesquisas do setor de ciências da Terra deveria aumentar para 2 bilhões de dólares, enquanto a proposta para o investimento em exploração espacial seria a redução para 2,8 bilhões de dólares.

Aquecimento global

Na última terça-feira, em encontro com jornalistas do americano The New York Times, Trump voltou atrás em algumas de suas declarações antigas e afirmou que acredita existir alguma ligação entre as mudanças climáticas e as atividades humanas. Durante a entrevista, o presidente eleito se recusou a repetir a promessa de abandonar o acordo do clima fechado em Paris em 2015 e afirmou que está analisando o assunto com atenção.

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Em seus discursos durante a campanha, o magnata afirmou que o aquecimento global era um boato, apesar de existir um consenso na comunidade científica internacional de que a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento causam a liberação de carbono que afeta o clima do planeta. Além disso, 98% dos cientistas que estudam o tema chegaram à conclusão de que a Terra está perto de um ponto de “não retorno” em relação a mudanças climáticas perigosas – por isso tanto empenho em limitar o aquecimento a 1,5 °C no acordo de Paris.

Segundo Walker, contudo, o papel da atividade humana nas mudanças climáticas é “uma visão compartilhada por metade dos climatologistas do mundo”, segundo a entrevista ao The Guardian.

Cientistas americanos ouvidos pelo jornal britânico afirmaram que o papel da Nasa na observação da Terra e das mudanças climáticas é crucial e o abandono dessas atividades seria catastrófico para as pesquisas sobre o clima. Segundo Kevin Trenberth, cientista sênior do Centro Nacional para Pesquisas Atmosféricas, a eliminação dos recursos para o setor de ciências da Terra da Nasa seria um grande retrocesso. “Isso poderia nos colocar de volta à ‘era das trevas’, na época antes dos satélites. A observação da Terra é essencial”, afirmou.

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