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Supernovas podem ter iniciado eras glaciais na Terra há milhões de anos

Dois estudos da revista 'Nature' revelam como pelo menos duas brilhantes explosões de estrelas que ocorreram há cerca de 2,3 milhões e 1,5 milhões de anos em galáxias próximas podem ter alterado o clima do planeta

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 15h57 - Publicado em 8 abr 2016, 09h30

Supernovas podem ter mudado radicalmente a temperatura da Terra e iniciado as eras glaciais há milhões de anos, sugerem dois estudos publicados esta semana na revista Nature. De acordo com os cientistas, as poderosas explosões de estrelas aconteceram entre 2,3 milhões e 1,5 milhões de anos, mesmo período da série de eras glaciais vividas durante o Pleistoceno (entre cerca de 2,6 milhões e 12.000 anos). Algumas teorias sugerem que os raios cósmicos vindo das supernovas poderiam ter aumentado a cobertura de nuvens da Terra, provocando a queda da temperatura.

“É uma coincidência interessante que elas correspondem com o período em que a Terra esfriou e passou do Plioceno [cerca de 5 milhões a 2,5 milhões de anos atrás] para o Pleistoceno”, afirmou Anton Wallner, pesquisador do departamento de física nuclear da Australian National University, na Austrália e líder de um dos estudos.

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Influência na Terra – Por mais de meio século os astrônomos especulam se as supernovas (nome dado à explosão de estrelas com dez vezes ou mais a massa do Sol, relativamente rara em uma galáxia) poderiam ter ocorrido em locais próximos o suficiente para afetar a Terra. Com seu brilho intenso e expulsão de partículas (durante a explosão, cerca de 90% da massa estelar é expulsa), elas poderiam ter contribuído para extinções em massa, como a que dizimou os dinossauros há 65 milhões de anos, ou para mudanças climáticas que ocorreram no planeta. Contudo, até o momento, os estudos sobre o assunto não eram muito precisos.

Os dois artigos da Nature, conduzidos por Wallner e pelo físico Dieter Breitschwerdt, do Instituto de Tecnologia de Berlin, na Alemanha, conseguem identificar com bastante exatidão o local e a data em que as supernovas ocorreram. As equipes analisaram 120 depósitos do isótopo Ferro-60 (uma partícula considerada pelos físicos um excelente “indicador de supernovas”, pois não pode ser produzido naturalmente na Terra, mas é criado em abundância durante a explosão de estrelas) e descobriram que o elemento, encontrado no fundo dos oceanos, pode ser resquício de uma série de pelo menos duas supernovas que ocorreram há 300 anos-luz de distância (cada ano-luz equivale a 9,46 trilhões de quilômetros), entre 3,2 milhões e 1,7 milhões de anos atrás e entre 8,7 milhões e 6,5 milhões de anos atrás.

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Segundo os pesquisadores, os eventos poderiam ter sido vistos da superfície da Terra, durante o dia, pelos ancestrais humanos: seu brilho seria comparável ao da Lua. Mesmo brilhantes, as supernovas talvez não tenham ocorrido perto o suficiente para provocar extinções em massa, mas seus reflexos poderiam ter afetado o clima do planeta.

“Durante o intervalo sugerido, houve um declínio geral da temperatura que culminou nas séries glaciais do Pleistoceno, apesar de não sabermos se existe uma relação entre a atividade da supernova e a temperatura da Terra”, afirma o físico Adrian Mellot, da Universidade de Kansas, nos Estados Unidos, em um comentário que acompanha os artigos da Nature. “Essa variação climática pode ser uma das condições que levou à evolução humana. Além disso, a ionização da atmosfera pelas supernovas pode ter contribuído para um aumento da luminosidade e, possivelmente, para outros efeitos climáticos.”

Indícios lunares – Os pesquisadores têm esperanças de obter mais informações sobre o exato local das explosões utilizando amostras encontradas e recolhidas por equipes da Apollo 12, 15 e 16 – dessa vez, na Lua. No satélite, que não possui atmosfera ou oceanos, os resquícios das supernovas permaneceram onde aterrissaram, oferecendo outras pistas de seu local de origem. Segundo um estudo que deve ser publicado na próxima semana na Physical Review Letters, pesquisadores encontraram pistas concretas de Ferro-60 nas amostras lunares, indícios compatíveis com os encontrados nas profundezas dos oceanos terrestres.

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(Da redação)

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