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‘Stranger Things’: a ciência por trás da série

Rodrigo Nemmen, professor da USP explica as referências científicas do seriado e conta por que, afinal, é tão difícil resgatar alguém do “mundo invertido”

Por Rita Loiola Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 ago 2016, 08h31 - Publicado em 29 ago 2016, 08h21

Na série da Netflix, Stranger Things, que estreou em julho, o garotinho Will fica preso em outra dimensão enquanto a mãe e os amigos tentam resgatá-lo. Para sustentar essa história da ficção, os roteiristas se inspiraram em elementos da ciência de verdade, que estão escondidos em vários episódios da série. Uma das grandes questões do seriado é sobre o lugar para onde Will é levado, o “mundo invertido”. Seria realmente viável a existência de um lugar assim? E como seria possível chegar a ele?

“A série usa o conceito de outras dimensões, que é antigo e muito fértil para a ficção científica”, explica o astrofísico Rodrigo Nemmen, professor da Universidade de São Paulo (USP). “Existem algumas teorias na física que preveem a existência de mais dimensões que as três espaciais e o espaço-tempo, as únicas conhecidas atualmente.”

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Várias dimensões

Em Stranger Things, o “mundo invertido” é como se fosse o mundo real distorcido. Ali há versões sombrias de construções e objetos da realidade, cobertas por plantas e musgos, e é possível algum contato extremamente limitado com as pessoas que estão no mundo real. Contudo, Will está preso ali e não consegue escapar.

Para tentar resgatá-lo, os amigos do garoto buscam a ajuda do professor de física, Mr. Clarke, e perguntam qual seria a possibilidade de acessar outra dimensão – se ela realmente existir. De acordo com teorias físicas (de verdade), sim, elas podem estar ao nosso redor.

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“O cérebro humano ainda não consegue visualizar nada com mais de três dimensões espaciais. Além dessas três (altura, largura e comprimento), a física também considera o tempo como uma dimensão. No entanto, os matemáticos não são limitados pelo universo – seu limite é a imaginação. Atualmente, há um modelo físico-matemático, chamado Teoria de Cordas, que prevê a possibilidade de que não estaríamos em um mundo de quatro, mas de onze dimensões”, explica Nemmen. Não é à toa que uma das personagens da série recebe o nome Eleven, onze em inglês.

Segundo as equações dessa proposta, inicialmente elaborada pelo alemão Theodor Kaluza e pelo sueco Oskar Klein, existiriam dez dimensões espaciais, além da temporal. O problema é que essas sete dimensões adicionais estariam compactadas, ou seja, muito bem enroladas e reduzidas à espessura menor que a de um fio de cabelo. Parece loucura – é preciso lembrar que não existe qualquer evidência de que essa teoria esteja correta e nem fatos ou observações que a comprovem, como manda o bom método científico –, mas são ideias assim que costumam pavimentar o caminho do conhecimento.

“Indivíduos comuns estariam restritos em nossas quatro dimensões, mas minúsculas partículas poderiam acessar todas elas. Imagine que criaturas muito pequenas poderiam entrar nas dimensões extras e, do ponto de vista desses microrganismos, elas seriam mundos”, afirma Nemmen.

Universos paralelos

Contudo, para que nós (e Will) pudéssemos acessar essas dimensões, elas precisariam ser “descompactadas”. Além da imagem de dimensões minúsculas, outra imagem que físicos e matemáticos usam para ajudar a compreender o conceito é o de dimensões planas – ou planos, na linguagem comum.

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“No arcabouço da Teoria das Cordas, há teorias matemáticas que explicam as dimensões extras muito pequenas e também as muito grandes”, explica Nemmen.

Esses planos estendidos, ou branas (em inglês, “branes”, que vem da palavra “membrane”), seriam representações das dimensões paralelas, que contêm universos paralelos. Como na imagem abaixo, feita por Nemmen:

Stranger Things_Nemmen

Entretanto, essas dimensões não têm nenhuma conexão e, por isso, seria tão difícil passar de uma para a outra. Segundo as equações, a única maneira de chegar a elas seria por meio de um túnel criado por eventos catastróficos capazes de romper o espaço-tempo – aquilo que os físicos descrevem metaforicamente como o tecido do universo, o ambiente dinâmico onde todos os acontecimentos transcorrem.

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Um portal assim, contudo, demandaria uma quantidade imensa de energia para surgir e se sustentar. Ele não apenas desestabilizaria os rádios e bússolas que conhecemos, mas poderia destruir parte do nosso universo. Um buraco negro, por exemplo, seria capaz de criar a ruptura no espaço-tempo e conectar os universos paralelos. A dúvida é se, com a mobilização de tanta energia, alguém poderia sair vivo de lá.

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