A Rússia adiou nesta segunda-feira, após a queda da nave de carga russa Progress, o lançamento do próximo voo tripulado rumo à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), previsto para 22 de setembro, e não descarta uma evacuação total da ISS.
Um diretor da agência espacial russa, Roskosmos, Alexei Krasnov, informou às agências de notícias de seu país que, após o fracasso do lançamento do cargueiro orbital Progress na semana passada, “o próximo lançamento ocorrerá no fim de outubro ou no começo de novembro, e não antes”.
O voo tripulado estava previsto para levar à ISS os russos Anton Chkaplerov e Anatoli Ivanichin, além do americano Dan Burbank.
Os três deviam substituir os cosmonautas russos Andrei Borisenko e Alexandre Samokutiaiev, bem como o astronauta americano Ronald Garan, que terão que adiar seu retorno à Terra, previsto inicialmente para 8 de setembro.
“Acredito que seu retorno à Terra ocorrerá em 16 de setembro. Certamente não voltarão no (dia) 8”, acrescentou.
A nave de carga Progress M12-M, que levava várias toneladas de equipamentos e alimentos para a ISS, caiu na semana passada, 325 segundos após ser lançada do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão.
O foguete Soyuz-FG, que devia levar os cosmonautas ao espaço, possui o mesmo motor do foguete Soyuz-U, que não conseguiu colocar em órbita o cargueiro Progress acidentado.
Um encarregado do setor espacial russo informou que foi “decidido suspender o lançamento de foguetes Soyuz até que as causas do acidente sejam estabelecidas”.
O acidente ocorreu poucas semanas depois de os Estados Unidos terem encerrado seu programa de ônibus espaciais, fazendo da Rússia o único país encarregado dos voos rumo à ISS.
“Se, por alguma razão, fracassarmos em enviar o novo equipamento até o fim de novembro, devemos estudar todas as opções possíveis, inclusive a de deixar a estação sem tripulantes”, disse Krasnov, o que seria algo inédito para a ISS desde o ano 2000 e o lançamento das primeiras missões tripuladas.
“Sempre há uma forma de pilotagem. A estação pode funcionar sozinha, pois é automatizada, mas a ausência de tripulação a bordo não é uma variável desejável”, declarou à rádio Echo de Moscou o especialista espacial russo Yuri Karach.
Mas a Rosksomos e a agência espacial americana (Nasa) estão preocupadas com os riscos relacionados à aterrissagem no inverno nas estepes cazaques, quando a noite é prepominante.
“Não se pode adiar mais a aterrissagem, pois ocorreria de noite e isso não é desejável, absolutamente”, informou uma fonte da Roskosmos à agência Itar-tass.
A Roskosmos e a Nasa garantem que a segurança da população está assegurada e que não faltarão nem provisões, nem oxigênio caso a missão se prolongue.
Para a Rússia, a perda do cargueiro Progress foi um grave revés, na medida em que os incidentes têm aumentado nos últimos meses.
A perda do Progress M12-M é o quarto fracasso em lançamentos de satélites ou cápsulas espaciais da Rússia desde dezembro passado.
Mas trata-se, em especial, do primeiro problema ocorrido com um Progress desde que esta nave começou a ser empregada, em 1978, ainda na época da União Soviética, informou à AFP o especialista russo Igor Lissov.
Este fracasso acontece no momento em que a Rússia ocupa um lugar de primeira grandeza na conquista do espaço.
Depois do lançamento do último ônibus espacial americano, a Nasa depende cada vez mais das naves russas para transportar astronautas para a ISS até que uma nova nave americana esteja pronta para realizar missões, talvez em 2015.