Preservação da Amazônia passa por São Paulo e Rio
Uma em cada cinco árvores derrubadas no Brasil é vendida na capital paulista
Problema: São Paulo é a cidade onde a construção civil mais cresce no Brasil e, por isso, uma das maiores consumidoras de madeira – grande parte dela da Amazônia. São gastos cerca de 1,9 bilhão de reais ao ano apenas como setor. Uma em cada cinco árvores derrubadas no Brasil é vendida em São Paulo.
Solução: Desde 2009, o município faz parte da Rede Amigos da Amazônia, uma parceria entre as secretarias estaduais e municipais de meio ambiente e o Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas. O programa monitora toda a madeira usada nas obras públicas do município para que não seja aceita madeira procedente de desmatamento ilegal.
O programa tem parceria do Instituto Florestal. A pesquisadora Sandra Florsheim do instituto adaptou um microscópio portátil para fotografar amostras de madeira. As imagens são enviadas a um banco de dados de espécies de madeira e analisadas. O aparelho ajuda a descobrir a espécie da madeira e checar os documentos que atestam sua legalidade.
“O projeto começou a partir de denúncias do Greenpeace. Em 2003, a ONG revelou que entre 60% a 80% da madeira retirada da Amazônia era ilegal. Um terço dessa era consumido pelo poder público, o que tornou gritante a necessidade de trabalhar para mudar essa realidade”, afirma Malu Ribeiro, secretaria executiva da Rede Amigos da Amazônia.
Problema: As obras de infraestrutura necessárias para que a cidade seja anfitriã da Copa do Mundo e das Olimpíadas em 2014 e 2016 vão demandar muitos metros cúbicos de toras. Só na reforma do estádio do Maracanã, por exemplo, já foram gastos 6.000 metros cúbicos de madeira. O que pode representar em média uma floresta de até sete hectares, considerando a biodiversidade brasileira. Segundo estimativas do Greenpeace, 80% veio da Floresta Amazônica, responsável por abastecer a construção civil no Brasil.
Solução: Um grupo formado por entidades da sociedade civil, como o Instituto Ethos, e governos criou o programa “Jogos Limpos”, para dar mais transparência às obras de infra-estrutura dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo e cumprir as exigências de sustentabilidade. O uso de madeira de procedência legalizada é um deles. No caso do Maracanã, a Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop) afirma que toda madeira de florestas nativas teve sua origem controlada e legalizada. Outra parte veio de reflorestamento de espécies exóticas. A meta do Rio de Janeiro é certificar as obras dos dois eventos, usando parâmetros de construção sustentável.
O aproveitamento de resíduos das obras é uma das ações para reduzir o impacto ambiental dos dois eventos. Material do estádio do Maracanã já foi aproveitado em outras obras do município, como a construção do aterro sanitário de Seropédica. Além de reduzir o montante de lixo produzido no município, isso diminui os gastos com brita.