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Pesquisadora faz ‘feminismo às avessas’

A socióloga inglesa Catherine Hakim diz a VEJA que não há igualdade entre os sexos e incentiva as mulheres a usar seus atributos para ascender na carreira

Por Nathália Butti
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h30 - Publicado em 21 jul 2012, 16h45

Pesquisadora da London School of Economics por duas décadas e uma das mais respeitadas estudiosas da inserção feminina no mercado de trabalho, a socióloga inglesa Catherine Hakim, de 64 anos, tornou-se uma das principais expoentes do novo feminismo europeu — uma espécie de ‘feminismo às avessas’. As ideias defendidas por ela e por suas colegas — a maioria intelectuais francesas e alemãs — chocam por sua simplicidade e incorreção política. Igualdade entre os sexos? Bobagem. Marido? De preferência, rico. Barriga de aluguel? Um fluxo de receita inexplorado. Autora de dezesseis livros, com uma respeitável carreira no governo inglês no currículo (atuou como pesquisadora e foi consultora de vários ministros), Hakim compilou suas teses excêntricas no recém-lançado Capital Erótico (Ed. Best Business; 336 páginas; 49,90 reais). O tema central do livro é a importância da beleza na ascensão profissional das mulheres. Justifica a autora: “O feminismo radical deprecia o encanto feminino. Por que não encorajar as mulheres a aproveitar-se dos homens sempre que puderem?”.

Beleza e carreira – “Aristóteles já dizia que a beleza é melhor do que qualquer carta de apresentação. As vantagens de uma boa aparência podem ser percebidas desde a infância. Pesquisas revelam que 75% das crianças que se encaixam nos padrões de beleza aceitos universalmente, como um rosto simétrico, são julgadas como corretas e cativantes, enquanto só 25% das que não têm essas características são vistas dessa forma. Presume-se que os belos são mais competentes — e eles são tratados como tal. Atratividade e beleza são fundamentais para a ascensão profissional das mulheres nas sociedades modernas.”

Os mais belos devem ganhar mais “Inteligência e beleza são duas habilidades necessárias para o sucesso e muito semelhantes entre si: metade é hereditária, metade é resultado de investimentos de tempo e esforço. Não existe diferença moral entre a aparência e a inteligência. Acho justo que os mais belos ganhem mais. É frequente presumir que quaisquer benefícios concedidos a pessoas atraentes são desmerecidos e injustos. Quando se fala em sucesso, ninguém duvida do mérito dos inteligentes nem questiona a exclusão dos ignorantes. Por que não recompensar também quem se destaca pela aparência, sendo ela natural ou conquistada?”

As feias que me perdoem “Beleza extrema é algo raro, um item de luxo. Nem todo mundo nasce Elizabeth Taylor. Quem não tirou a sorte grande deve aprimorar o seu poder de atração. Na França, é comum o conceito de Belle Laide, a mulher feia que se torna atraente graças à forma como se apresenta à sociedade e ao seu estilo. Christine Lagarde, a diretora do Fundo Monetário Internacional, o FMI, é um exemplo de mulher que não ostenta a beleza clássica, mas é extremamente atraente. Tem personalidade, carisma, charme e boas maneiras. Se você não é bonito, por favor, vá à luta. Cultive um belo corpo, aprenda a dançar, desenvolva habilidades. E distribua sorrisos. Como Marilyn Monroe sempre soube, o mundo sorri de volta para quem sabe sorrir. O sorriso é um sinal universal de acolhimento, aceitação e contentamento em relação aos demais. Torna a todos mais atraentes.”

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Os tipos de feminismo “O feminismo é uma ideologia abrangente, contém muitos elementos adversos. Há escritoras radicais que adotam o feminismo-vítima, no qual as mulheres sempre saem perdendo. Outras, como Camille Paglia, insistem que o feminismo impõe responsabilidades às mulheres, de forma que elas não podem culpar os homens todas as vezes que algo der errado em sua vida pessoal ou em sua carreira. Tenho ao meu lado as intelectuais francesas e as alemãs. De maneira geral, elas reconhecem e valorizam o capital erótico das mulheres. As anglo-saxãs repudiam esse conceito. Elas rejeitam tudo o que está relacionado ao sexo e ao prazer e têm aversão à beleza.”

Igualdade entre os sexos – “O mito feminista da igualdade dos sexos é tão infundado quanto a afirmação de que todas as mulheres almejam a total simetria nos papéis familiares, emprego e salário. As feministas insistem que a independência financeira é necessária para a igualdade em casa. Argumentam ainda que a maior parte das mulheres é carreirista, como os homens, e detesta ficar em casa para criar os filhos. Diversos estudos indicam o contrário. A maioria das mulheres prefere ficar em casa em tempo integral quando as crianças são pequenas, pelo menos até elas começarem a frequentar a escola. Um parceiro bem-sucedido torna essa opção mais viável.”

O marido ideal – “Tornar-se uma dona de casa ‘à toa’, em tempo integral, é uma utopia moderna para a maioria das mulheres. Em estudos realizados em todo o mundo, quando questionadas sobre as características mais valorizadas em um parceiro, as mulheres afirmam preferir homens com recursos, condição que viabiliza a permanência delas no lar.”

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Ter ou não filhos – “Dizer que a mulher é pouco feminina ou não verdadeiramente realizada se ela não tem filhos é difundir um mito patriarcal. Os homens sem filhos raramente são criticados desse modo. Não há nada de errado com a mulher que não quer ser mãe. É cada vez maior o número de europeias que abdicam da maternidade, principalmente na Alemanha e na Inglaterra.”

Déficit sexual masculino – “Desejo sexual é uma questão de gênero. As mulheres têm um nível mais baixo de desejo sexual, de forma que os homens passam a maior parte da vida sexualmente frustrados em vários graus. Existe um sistemático e, ao que parece, universal — déficit sexual masculino. Os homens geralmente querem muito mais sexo do que conseguem, em todas as idades. Assim, a capacidade de atração sexual feminina perante os hormônios deles pode ser uma ferramenta valiosa de que as mulheres se beneficiem. Os homens sempre exploraram as mulheres, razão pela qual o feminismo foi necessário. Nós, mulheres, deveríamos explorar qualquer vantagem que temos sobre os homens, sempre que possível.”

Barriga de aluguel – “Se os homens pudessem produzir bebês, essa seria uma das maiores ocupações pagas do mundo. As leis foram inventadas pelos homens para o interesse deles próprios, e não incluem os interesses femininos. Muitas vezes, a legislação impede que as mulheres recebam integralmente os lucros de seus talentos, com valor comercial adequado. A barriga de aluguel, por exemplo, é um fluxo de receita inexplorado e do qual nós, mulheres, podería-mos nos beneficiar.”

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Pelo fim da hipocrisia – “Sou uma feminista convicta. Sempre busquei o melhor para as mulheres. Dediquei mais de duas décadas de minha carreira a responder a uma questão: por que as mulheres raramente são as heroínas? Há quem não me entenda, mas o que ofereço é uma nova perspectiva feminista, sem hipocrisia. Muitos dos escritos feministas modernos conspiram a favor das perspectivas chauvinistas masculinas ao perpetuar o desprezo pela beleza e pelo sex appeal das mulheres. O feminismo radical deprecia o encanto feminino. Por que não estimular a feminilidade em vez de aboli-la?”

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