Os corpos seriam de índios por causa da forma como foram sepultados – na posição fetal em vez de estendidos
A cidade de São Vicente, onde nasceu a primeira vila do Brasil, no litoral de São Paulo, continua revelando detalhes da história, 478 anos após a sua fundação. Três ossadas humanas praticamente inteiras foram encontradas durante escavações para uma obra. O mais surpreendente da descoberta é que embora os corpos estejam enterrados bem ao lado da Igreja Matriz – onde comumente eram enterrados os leigos cristãos -, provavelmente os corpos são de uma população pré-colonização, de índios tupis ou tupi-guaranis. “Esses corpos são de mais de 500 anos atrás. Mais recente não pode ser, pois há um tratamento diferencial no sepultamento de um cristão para um indígena”, explicou o arqueólogo Manoel Mateus Gonzalez. “O corpo do cristão geralmente está estendido e, no caso do indígena, ele está na posição fetal.” No entanto, só exames de DNA e carbono 14 vão determinar exatamente a etnia e a datação dos indivíduos. “Porém, há mais de 90% de chance de serem indígenas, pela curvatura dos pés”, explicou. A descoberta foi feita dois meses após o início da construção do Boulevard Ana Pimentel (mulher de Martim Afonso, fundador da cidade). Orçada em R$ 500 mil, a obra de drenagem e pavimentação de uma via ao lado da Matriz é monitorada desde o início pela equipe de Gonzalez. “Nessa escavação, para nossa surpresa, encontramos esses esqueletos inteiros e começamos a encontrar vestígios de sambaquis, que seriam sítios pré-históricos de 3 mil anos atrás, e também algumas cerâmicas tupis.” Já foram retiradas mais de 1,5 mil peças do local. (Com Agência Estado)