Os animais vulneráveis ao coronavírus
Estudo listou mais de 400 espécies de vertebrados potencialmente suscetíveis à Covid-19 por possuírem aminoácidos usados pelo vírus para entrar nas células
Um novo estudo, publicado no último dia 21 no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences, apontou que diversas espécies de vertebrados podem estar sujeitas a infecções pelo SARS-CoV-2. De acordo com o artigo, alguns desses animais já estão ameaçados de extinção, tornando sua situação mais delicada ainda.
A pesquisa, coordenada pela Universidade da Califórnia em Davis, baseou-se na análise de proteínas receptoras obtidas em amostras de diferentes tipos de células e tecidos. Os cientistas compararam a proteína ACE2, presente nos humanos e possuidora de 25 aminoácidos que o coronavírus usa para entrar nas células, com as proteínas equivalentes em 410 outras espécies.
Acredita-se que os animais que apresentarem esses mesmos 25 aminoácidos de forma similar à humana estariam mais suscetíveis a contrair o vírus. De forma oposta, quanto mais diferentes dos aminoácidos humanos forem os aminoácidos do animal, menor seria a sua chance de contágio. Entre os testados, estavam aves, peixes, anfíbios, répteis e mamíferos.
Como resultado, os pesquisadores constataram que espécies como o hamster chinês, o gorila-ocidental-das-terras-baixas, o orangotango-de-sumatra, a baleia-cinzenta e o golfinho-nariz-de-garrafa estão entre aquelas com maiores riscos de contrair a Covid-19. Animais como gatos, bois e ovelhas apresentam riscos médios, enquanto cachorros e porcos têm apenas pequenas chances de pegarem o novo coronavírus.
Apesar do risco moderado para animais domésticos, houve relatos de cães contraindo a covid-19 em países como Estados Unidos e Japão. Já no Reino Unido, foi confirmado o primeiro caso de infecção de um gato.
Segundo as descobertas, cerca de 40% dos animais potencialmente sujeitos ao SARS-CoV-2 são ameaçadas de extinção. Entre eles, alguns estão em perigo crítico, como é o caso do gibão-de-bochechas-brancas-do-norte.
Vale lembrar que o estudo apoiou-se em simulações feitas em computador – ou seja, a mensuração dos riscos reais que cada espécie apresenta ainda não é definitiva.