Neandertais coexistiram com os humanos na Europa por até 5,4 mil anos
Com uso de uma técnica melhorada de datação por radiocarbono, pesquisadores descobriram que os neandertais desapareceram da Europa há 40 mil anos
Uma nova análise de amostras de 40 sítios arqueológicos permitiu precisar que os neandertais coexistiram na Europa com os humanos modernos durante um período de 2.600 a 5.400 anos. A partir de uma técnica melhorada de datação por radiocarbono, pesquisadores liderados por uma equipe da Universidade de Oxford detalham em um estudo publicado nesta quarta-feira na revista Nature que os neandertais desapareceram da Europa há 40 mil anos. De acordo com os autores, não se tratou de uma extinção abrupta, mas um processo gradual que seguiu seu próprio ritmo em diferentes pontos do continente.
A nova cronologia destaca o padrão que se seguiu ao desaparecimento dos neandertais e sugere que “provavelmente algumas pequenas povoações sobreviveram em pontos específicos da Europa antes de serem extintas”, explicou Thomas Higham, responsável pela pesquisa. O estudo destaca que os milênios nos quais os neandertais e os humanos modernos coexistiram no continente representam um tempo amplo para a transmissão de comportamentos culturais e simbólicos, assim como para possíveis intercâmbios genéticos.
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Os pesquisadores descrevem a Europa desse período de transição, entre o paleolítico médio e superior, como um “mosaico de povoações”. De acordo com os autores do estudo, há 45 mil anos, antes que começasse esse processo de mudança, a Europa era essencialmente neandertal, com pequenos redutos de humanos modernos em certas regiões. Essa distribuição mudou nos milênios seguintes, uma evolução que foi forjada ao longo de 25 a 250 gerações, dependendo da localização geográfica.
Álvaro Arrizabalaga, professor da Universidade do País Basco e um dos autores do estudo, especificou que a grande pergunta ainda pendente de confirmação é se houve intercâmbio cultural e genético entre ambos os grupos na Europa. “Sabemos que aconteceu essa troca no Oriente Médio”, acrescentou.
Determinar a relação espacial e temporal entre os neandertais e os humanos modernos é essencial para compreender o processo que levou ao desaparecimento dos primeiros. As limitações técnicas foram os desafios mais sérios para os pesquisadores nesse campo, já que as amostras arqueológicas que se aproximam da fronteira dos 50 mil anos têm muito pouco carbono-14, o que torna difícil obter datações precisas.
(Com Agência EFE)