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Naufragado há mais de cem anos, Endurance é reencontrado no Polo Sul

Expedição localiza veleiro de três mastros que levou o explorador britânico Ernest Shackleton e 27 homens ao Mar de Wedell em 1915

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 mar 2022, 16h19 - Publicado em 9 mar 2022, 06h59

Mais de um século depois de naufragar nas águas do Mar de Weddel, no Polo Sul, o Endurance foi reencontrado. A expedição Endurance22 localizou o veleiro de três mastros e 44 metros que levou o explorador britânico Ernest Shackleton e uma tripulação de 27 homens para uma travessia na região. A embarcação, que afundou no dia 21 de novembro de 1915, foi encontrada a 3.008 metros de profundidade, dentro da área de busca definida pela equipe de cientistas, aproximadamente quatro milhas ao sul da posição registrada pelo capitão Frank Worsley na hora do afundamento.

Em 5 de fevereiro, um quebra-gelo sul-africano, o Agulhas II, deixou a Cidade do Cabo para uma jornada extraordinária: encontrar os destroços e explorá-los com drones submarinos de última geração. Como o naufrágio é protegido como Patrimônio Histórico e Monumento sob o Tratado da Antártida, não foi tocado ou perturbado de forma alguma enquanto estava sendo pesquisado e filmado. “Estamos impressionados com nossa boa sorte em localizar e capturar imagens do Endurance”, disse Mensun Bound, diretor de exploração da expedição, em um comunicado. “Este é de longe o melhor naufrágio de madeira que eu já vi.”

Popa do Endurance
O timão do Endurance, embarcação que levou o explorador britânico Ernest Shackleton e uma tripulação de 27 homens para o Mar de Weddel, no Polo Sul – (Esther Horvath/ Falklands Maritime Heritage Trust,/National Geographic/Divulgação)

Bound se refere às ótimas condições nas quais o Endurance foi encontrado no fundo do mar, o que era previsto pelos cientistas em função da água muito gelada, imprópria para a sobrevivência de microrganismos que se alimentam de madeira e devastaram naufrágios em outros lugares. Um dos integrantes da expedição de Shackleton, Frank Hurley, registrou o veleiro pouco antes de ser engolido pelo gelo e abraçado pelas águas do Mar de Weddel. As fotografias mostravam a embarcação castigada pela pressão dos blocos da banquisa e com dois mastros derrubados. O que se viu, no entanto, surpreendeu. “Está inteiro, orgulhoso de seu lugar no fundo do mar, intacto e em brilhante estado de conservação”, disse o diretor da expedição. “Você pode até ver a inscrição ‘Endurance’ arqueada na popa”.

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Ernest Shackleton não foi o primeiro a chegar ao Polo Sul. A façanha pertence a Roald Amundsen, explorador norueguês que atingiu a região em 14 de dezembro de 1911. Mas Shackleton, que havia tentado outras vezes alcançar a calota polar, estabeleceu outra meta: poderia fazer história atravessando o continente. Com esse plano em mente, ele deixou a Inglaterra em agosto de 1914, parando primeiro em Buenos Aires, na Argentina, e depois na Ilha Geórgia do Sul, um território britânico ultramarino, antes de partir para a Antártica, em 5 de dezembro.

Agulhas II
O quebra-gelos Agulhas II, que levou a expedição Endurance22 ao Polo Sul – (Esther Horvath/ Falklands Maritime Heritage Trust,/National Geographic/Divulgação)

Depois de topar com gelo pela primeira vez, em 7 de dezembro, o Endurance ficou preso e foi derivando até o ponto mais ao sul no Mar de Weddell. Após afundar, em novembro de 1915, Shackleton e sua tripulação passaram meses vivendo de carne de pinguim, foca e peixes em pelo menos dois acampamentos improvisados. Em 9 de abril de 1916, os náufragos encheram os três botes que haviam sido preservados. Quase uma semana depois, desembarcaram na Ilha Elefante — foi a primeira vez que os homens chegaram a terra firme em 497 dias.

De lá, Shackleton e outros cinco tripulantes entraram em um dos botes e navegaram até a Geórgia do Sul. Ao chegar, atravessaram a ilha a pé até um entreposto. Depois, o explorador foi para Argentina, onde tentou, sem sucesso, um resgate. Já no Chile, conseguiu o rebocador Yelcho, que os levou de volta, em agosto de 1916, para resgatar os 22 homens restantes, 24 meses e 22 dias depois de iniciada a expedição. Ao voltar para a Inglaterra, o explorador foi recebido como herói e seu feito, ao liderar e salvar o grupo de homens que estava com ele, inspira aventureiros até hoje.

DESTRUIÇÃO - O Endurance pouco antes de afundar: esmagado pela neve -
DESTRUIÇÃO - O Endurance pouco antes de afundar: esmagado pela neve – (Frank Hurley/University of Cambridge/Getty Images)
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