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Missão Rosetta: oxigênio descoberto em cometa desafia teorias de formação do Sistema Solar

De acordo com estudo publicado nesta quarta-feira (28) na revista 'Nature', o oxigênio (mesmo gás que respiramos) é abundante na "atmosfera" do cometa 67P. A revelação "surpreendente", de acordo com os cientistas, é importante para a compreensão das origens do Sistema Solar

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h00 - Publicado em 29 out 2015, 08h11

A sonda espacial Rosetta encontrou oxigênio entre os gases que cercam o cometa 67P/ Churyumov-Gerasimenko, uma descoberta importante para compreender as origens do Sistema Solar, segundo estudo publicado nesta quarta-feira (28) na revista Nature. De acordo com os cientistas, essa é a descoberta mais surpreendente sobre o cometa que recebeu, em novembro do ano passado, o robô Philae, entregue por Rosetta, em um evento histórico. A existência do gás ao redor de todo o cometa pode sugerir que o Sistema Solar se formou de maneira “suave” e não violenta, como preveem as atuais teorias.

É a primeira vez que gás oxigênio (o mesmo que respiramos) é encontrado em um cometa. Ele é o quarto gás mais abundante da nuvem que recobre o cometa, depois de vapor d’água, monóxido e dióxido de carbono. A substância foi detectada pelo espectrômetro de massa da sonda Rosetta, que acompanha o cometa 67P em sua viagem ao redor do Sol.

“Foi muito surpreendente”, disse André Bieler, pesquisador da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, e um dos autores do estudo. “Não esperávamos encontrar oxigênio.”

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Oxigênio primordial – Apesar de ter sido detectado em outros corpos celestes que contêm gelo – como, por exemplo, as luas de Júpiter e Saturno – até o momento era desconhecida a presença de oxigênio em um cometa. Para os astrônomos, a aparição do gás na nuvem que rodeia o 67P é intrigante, pois a molécula é altamente reativa e tende a se combinar com outras substâncias. Os cientistas não esperavam que o oxigênio se mantivesse “solitário” por tanto tempo no cometa.

Além disso, as medições mostram uma relação de 3,8% em relação à quantidade de água do cometa. Essa razão demonstra que o oxigênio e a água presentes no cometa têm a mesma origem.

Somado ao fato de que a molécula foi identificada ao redor de todo o cometa isso indicaria, de acordo com os astrônomos, que o oxigênio detectado é “primordial”, ou seja, teria sido incorporado ao cometa durante sua formação junto ao Sistema Solar, há 4,5 bilhões de anos. No entanto, os modelos atuais não preveem condições para que isso ocorra. Uma das possibilidades, levantadas pelos cientistas na Nature, é que, na origem do Sistema Solar, partículas de alta energia viajando pelo espaço tenham esbarrado em gelo e quebrado as ligações das moléculas de água, liberando o oxigênio que, em seguida, ficou preso em vazios gelados. Ao longo de bilhões de anos, esse gelo foi incorporado aos cometas, que tiveram origem bem longe do Sol – do contrário, o calor do astro teria liberado esse oxigênio no cosmo.

Essa possibilidade condiz com as teorias de que os cometas são relíquias da formação do Sistema Solar, mas desafia outras, como as que sugerem um processo violento de aquecimento dos materiais primitivos durante a formação do nosso sistema planetário – nessas circunstâncias, o oxigênio teria reagido com outros elementos e jamais permaneceria em sua forma gasosa.

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“Todos os modelos afirmam que o oxigênio não deveria ter sobrevivido por tanto tempo, o que nos diz algo sobre a formação do Sistema Solar: ele deve ter sido muito suave”, afirma Bieler.

Origens cósmicas – Rosetta vai continuar a monitorar a presença de oxigênio para tentar entender o que isso significa, bem como as transformações que aconteceram no cometa 67P depois que ele passou, em agosto, pelo periélio, o ponto mais próximo em sua órbita elíptica ao Sol.

Com seus 11 instrumentos, a sonda faz órbitas irregulares ao redor do cometa, que está a 270 milhões de quilômetros da Terra. Sobre ele está o robô-laboratório Philae, que não mostra nenhum sinal de vida desde 9 de julho. Suas baterias são carregadas com dificuldade porque está em uma área montanhosa com pouca exposição à luz solar.

Diversas revelações já foram feitas pelos instrumentos da missão, que deve se estender até 2016. No final de julho, uma série de estudos publicados na revista Science revelou que o 67P/Churyumov-Gerasimenko é uma “sopa orgânica congelada”, composto de moléculas que podem ser consideradas precursoras da vida na Terra. Um planeta com condições favoráveis à vida que recebesse o cometa poderia provocar a multiplicação desses compostos que, no futuro, talvez gerassem algum processo vital.

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(Com AFP)

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