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Missão Rosetta: cometa poderia flutuar na água

Em 7 estudos, cientistas demosntram que densidade do 67P é menor do que a prevista e que cometa tem traços de compostos da formação do Sistema Solar

Por Juliana Santos
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h06 - Publicado em 23 jan 2015, 15h27

Em sete estudos publicados na quinta-feira na revista Science, cientistas revelaram a análise mais detalhada já feita sobre um cometa. As pesquisas trazem informações sobre o 67P/Churyumov-Gerasimenko, onde o robô Philae, levado pela sonda Rosetta, pousou em novembro do ano passado.

Um dos resultados mais esperados foi a observação das moléculas orgânicas no 67P. Elas se encontram espalhadas por toda a superfície do núcleo, o que indica que eram abundantes no material que se uniu para formar o cometa. Alguns dos compostos encontrados são similares ao ácido carboxílico presente em aminoácidos.

“A formação desses compostos requer a presença de gelo de moléculas voláteis, como metano, metanol ou monóxido de carbono, que só congelam em temperaturas muito baixas. Por isso, eles devem ter se formado a uma grande distância do Sol. Nós podemos estar diante de um cometa que traz, em seu interior, traços dos compostos químicos primordiais que datam da formação do Sistema Solar ou até antes”, afirma o italiano Fabrizio Capaccioni, cientista da Missão Internacional Rosetta e líder da equipe que fez essa descoberta.

Conheça o cometa 67P

  1. • Um dia no cometa dura 12,4 horas e uma volta ao redor do Sol demora 6,5 anos
  2. • As medidas da parte menor são 2,6 × 2,3 × 1,8 km e da maior são 4,1 × 3,3 × 1,8 km
  3. • Medições de temperatura, feitas pelo instrumento Miro, revelaram variações de -243 a -83 graus Celsius, logo abaixo da superfície
  4. • O instrumento Osiris já fez imagens de 70% da superfície do cometa
  5. • Até agora, foram identificadas 19 regiões, separadas por “fronteiras”, no cometa. Elas foram nomeadas como deidades egípcias, seguindo o “tema” das nomenclaturas da missão (a sonda foi batizada em homenagem à Pedra de Roseta, que ajudou a desvendar o Egito Antigo para os exploradores)

Flutuação – Outra novidade é que a densidade do cometa é muito mais baixa do que as previsões indicavam. A estimativa era de 1.500 a 2.000 quilogramas por metro cúbico, mas o que se observou foi apenas 470 kg/m³, menor do que a densidade da água, que é de 999,97 kg/m³. Se o cometa caísse no oceano, por exemplo, ele flutuaria.

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Isso ocorre porque o cometa tem um interior poroso, como uma esponja. De acordo com Rundsthen Vasques de Nader, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e astrônomo do Observatório do Valongo, na UFRJ, essa diferença de densidade pode ter afetado o cálculo da gravidade do cometa, contribuindo para o pouso do Philae não ter saído exatamente como planejado. Após pousar, o robô quicou duas vezes e se afastou do ponto escolhido pela equipe.

Um estudo constatou, também, que um dos principais efeitos da aproximação com o Sol já está se manifestando no 67P. A quantidade de água expelida em forma de vapor por ele passou de 1,2 litro por segundo, em agosto de 2014, para cerca de 12 litros, dez vezes a quantidade inicial.

A maior parte do vapor é expelida pela região do “pescoço” do cometa, onde as duas partes que o compõem se ligam. Os pesquisadores ainda não sabem se o formato peculiar do 67P, comparado a um pato de borracha, se deve à erosão desigual ou à união de dois corpos distintos.

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Escuridão – O cometa é mais escuro do que os cientistas previam. Com o instrumento Virtis, a bordo da sonda Rosetta, eles mediram a quantidade de luz solar refletida na sua superfície: 6%, cerca de metade do quanto a Lua reflete, o que faz do cometa um dos objetos mais escuros do Sistema Solar.

Esse dado indica, ainda, que há pouco gelo exposto na superfície do 67P. Os pesquisadores acreditam que a escuridão seja provocada por minerais como sulfeto de ferro e compostos à base de carbono recobrindo o objeto.

“Isso não significa que o cometa não seja rico em água, apenas que o gelo não está na parte mais externa”, afirma Fabrizio Capaccioni. Ele acredita que passagens constantes pelo Sol ao longo dos anos tenham sublimado o gelo superficial.

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