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Mesmo sob vigilância, os icebergs ainda representam ameaça

Por Martin Bureau
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h40 - Publicado em 9 abr 2012, 16h03

Tentaram pintá-los com cores fortes ou bombardeá-los, após o naufrágio do Titanic, e mesmo vigiá-los, como o leite no fogo, através de radares e satélites, mas os icebergs ainda representam uma ameaça para a navegação, cem anos mais tarde.

Isso porque, apesar de todos os avanços técnicos realizados em um século, o olho humano ainda é um dos meios mais correntes para detectá-los, revelaram cientistas ouvidos pela AFP.

“Os icebergs são objetos muito perigosos porque eles ficam à deriva; e quando o mar está muito agitado, podem permanecer encobertos e, assim, escapar dos radares”, resumiu Michael Hicks, da International Ice Patrol (IIP).

Hoje, a probabilidade de se chocar contra um iceberg é de uma em 2.000. O risco era duas vezes mais elevado em abril de 1912, quando o maior transatlântico da época foi para o fundo com 1.514 passageiros, considerou Brian Hill, especialista do Conselho Nacional de Pesquisa (CNR) canadense.

Isto é, são registradas em média apenas duas colisões com um iceberg por ano.

Criado a partir de 1913 no dia seguinte do naufrágio do Titanic, o IIP vigia o equivalente a meio milhão de milhas náuticas (1,7 milhão de km2) no noroeste do Atlântico, em particular no “corredor de icebergs” situado perto de Terra Nova e do Labrador e sulcado por montanhas de gelo que se desprenderam da Groenlândia.

Esta organização não recua diante de nada para perseguir os perigos ambulantes. O IIP também tentou pintar os icebergs de vermelho, sem conseguir que a cor se mantivesse no bloco de gelo. Também procurou fixar neles radioemissores, uma tarefa particularmente árdua, a partir de um avião a 350 km/h.

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Também tentou bombardeá-los para eliminar a ameaça. Em 1959, 20 bombas de 400 kg foram lançadas sobre um iceberg de 70 m de altura e de 145 m de largura.

“Conseguimos quebrar alguns pequenos pedaços, sem efeito notável”, explicou Hicks.

Explosivos fixados diretamente no interior do iceberg se revelaram um pouco mais eficazes. “Mas o único resultado foi de nos obrigar, em vez de acompanhar um grande iceberg, a seguir vários outros menores, que são também perigosos”, explicou o especialista.

O IIP considerou, então, preferível, atuar na prevenção e no alerta, mobilizando aviões radares e compilando dados transmitidos por navios que cruzam a zona e os satélites de observação.

Nenhum dos que seguiram as advertências do IIP bateram em icebergs, anunciou Michael Hicks.

Os satélites contribuem com a vigilância, mas penam para diferenciar os icebergs de grandes navios.

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“O reconhecimento visual é sempre necessário, e para os icebergs menores, sempre há um risco”, resumiu Mark Drinkwater, especialista em criosfera da Agência Espacial europeia (ESA).

Segundo a base de dados sobre colisões com icebergs registradas pelo CNR canadense, os acidentes estão em declínio constante desde 1913: 57 colisões no Hemisfério Norte, entre 1980 e 2005 (ou seja 2,3 por ano, em média) contra 170 nos 25 anos anteriores a 1912 (média de 6,8 por ano).

Desde janeiro de 1959 e o naufrágio do Hans Hedtoft no sul da Groenlândia com 95 pessoas a bordo, não foi registrado nenhum acidente mortal envolvendo um iceberg.

Em novembro de 2007, o navio de cruzeiro MV Explorer naufragou após bater num iceberg ao longo da Antártida, mas os 100 passageiros e os 54 tripulantes puderam ser socorridos.

No entanto, segundo Michael Hicks, o erro é humano e uma catástrofe parecida com a do Titanic ainda pode acontecer.

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