“A exploração inteligente dos recursos não é contraditória com o meio-ambiente”, afirma Ladislau Dowbor
Durante esta semana, VEJA.com apresentou uma enquete a seus leitores: o futuro governo conseguirá combinar preservação ambiental e crescimento econômico? A pergunta coloca na balança o fato de que o Brasil é hoje o maior desmatador do mundo e, ao mesmo tempo, precisa explorar seu território para propociar desenvolvimento e bem-estar à população.
Dos 187 votos computados na enquete até esta quinta-feira, 47,06% consideraram que é possível combinar desenvolvimento com preservação, desde que haja planejamento. É o caso do leitor Daniel Barcia, que deixou o seguinte comentário no site: “Planejamento em ordem com pesquisas e critérios sérios”, escreveu. Ubiratan Nogueira de Resende seguiu a mesma linha: “Sim; é possível crescer e preservar, basta planejar”.
Optaram pelo desenvolvimento em detrimento da preservação 28,34%, seguidos de perto pelos que votaram na opção oposta, 20,86%. A leitora Monaliza fez um apelo: “O nosso planeta está se acabando! Seja quem estiver no poder, vamos fazer usar (sic) toda tecnologia e auto nível de conhecimento para podermos ajudar o nosso planeta!”. Fizeram ouvidos moucos à convocação de Monaliza somente 3,74% dos leitores, que consideram ser impossível conciliar as duas metas.
Quadro geral – Os comentários dos leitores foram analisados por Ladislau Dowbor, professor de economia da PUC-SP e consultor da ONU. Para ele, as opiniões refletem uma mudança em processo na antiga visão de que o meio ambiente atrapalha o desenvolvimento. “Estamos parando de pensar somente no curto prazo e passamos a pensar no quadro geral, planetariamente”, afirmou. Segundo ele, “as pessoas têm consciência da necessidade de ser socialmente justo, ambientalmente sustentável e economicamente viável.”
Dowbor acha positivo reduzir o peso ideológico envolvido na questão da sustenbilidade. “A exploração inteligente dos recursos não é contraditória com o meio ambiente. Um exemplo é o metrô, que torna a cidade mais produtiva e ao mesmo tempo sustentável.”
Para ele, o próximo governo terá de pensar mais em políticas que melhorem a qualidade de vida da população, e não apenas no crescimento quantitativo. “Não adianta bater recorde de venda de carros e as pessoas passarem duas horas presas no trânsito – um momento em que não trabalham e também não descansam. A qualidade de vida, neste caso, representa também maior eficiência.”