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José Galizia Tundisi: na vanguarda da biologia brasileira

Construir um mundo melhor por meio da biologia é o que deseja um dos maiores expoentes dessa ciência no Brasil

Por Abril Branded Content
Atualizado em 1 set 2017, 15h00 - Publicado em 1 set 2017, 15h00

O Dia Nacional do Biólogo, 3 de setembro, homenageia os 38 anos da regulamentação da profissão no Brasil. Para marcar a data, VEJA entrevistou um dos maiores especialistas brasileiros em gerenciamento de recursos hídricos, José Galizia Tundisi (CRBio 033693/01-D), de 79 anos. Ele ajudou a solucionar crises hídricas em mais de 40 países – como Japão e Espanha – e acompanhou de perto a escassez de água no estado de São Paulo em 2014. “Coordenei um grupo de acadêmicos, que elencaram sugestões para o governo garantir mais segurança hídrica. Em parte, elas foram acatadas”, comemora.

Mas, acima de tudo, ele é um pioneiro. Alguns dos cursos mais conceituados da área na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) foram fundados com o apoio de Tundisi. Entre eles estão o curso de ciências biológicas e o primeiro curso brasileiro de pós-graduação em ecologia, que já formou mais de 1 000 doutores. E o especialista se orgulha de nunca ter abandonado a pesquisa desde que iniciou a carreira na oceanografia, nos anos 1960.

Detetive dos fenômenos naturais

A pesquisa, aliás, já era sua grande paixão antes mesmo de começar a faculdade. Foi a investigação científica que o motivou a estudar história natural na Universidade de São Paulo (USP), um curso relativamente recente na época, introduzido por professores alemães nos anos 1930, com base na ecologia e botânica alemãs. A partir daí, emendou o mestrado e o doutorado.

Tundisi atua como pesquisador na cidade de São Carlos (SP) há 46 anos, desde que iniciou um projeto de limnologia (ou seja, o estudo das águas continentais) na UFSCar. Essa área da ciência tinha muita influência da botânica e da zoologia, mas pouca da oceanografia, área de especialidade do biólogo.

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A represa do Broa – ou represa do Lobo –, de 7 quilômetros de extensão e 3 metros de profundidade, serviu como “laboratório natural” para os pesquisadores. “Lá, testávamos nossas hipóteses e introduzimos uma visão mais sistêmica de integração de organismos com o meio ambiente, especialmente em lagos, represas e águas interiores. O trabalho continua sendo feito, e a represa do Broa já é o reservatório mais estudado do mundo”, diz.

Mas a primeira coisa que fez ao chegar a São Carlos, em 1971, foi instalar, ao lado da represa, uma estação climatológica de primeira classe, que existe ainda hoje. “O clima tem uma relação importantíssima no funcionamento do sistema aquático. Por isso, essa estação foi uma grande contribuição. Mais recentemente, instalamos uma nova no mesmo local”, conta.

Intercâmbio científico

Com a fundação da pós-graduação em ecologia, Tundisi decidiu que era necessário ampliar o universo das relações internacionais da UFSCar. Por isso, começou a convidar pesquisadores de outros países para trocar experiências com os brasileiros. “Houve uma grande colaboração científica com japoneses e espanhóis”, recorda-se.

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A limnologia brasileira deu um salto após 1995, quando Tundisi promoveu o primeiro congresso internacional dessa ciência na América do Sul. “Levei 15 anos para conseguir estruturá-lo, mas valeu a pena. Trouxemos mais de 1 000 pesquisadores internacionais e demos oportunidade para 400 trabalhos brasileiros. Isso expandiu o estudo da limnologia no país.”

Um mundo melhor

“Sempre recomendo aos pesquisadores: se, além da pesquisa, você puder ser professor, contribuir com a formação de novos cientistas e com o seu estado ou município, faça-o”, conta. E ele coloca a própria recomendação em prática: além de dar aulas e de ser pesquisador do Instituto Internacional de Ecologia (IIE), Tundisi atuou na presidência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e, atualmente, cumpre seu terceiro mandato na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável, Ciência e Tecnologia de São Carlos.

Como secretário, já criou sete parques urbanos para desenvolvimento de pesquisa na cidade. Ele também planeja repetir a sua boa experiência com os sensores na represa do Broa e expandi-la para toda a cidade: quer sensores de água e de ar, de segurança pública e de trânsito para apresentar dados em tempo real à população. “Precisamos aplicar a ciência ao município. Isso representaria um avanço significativo na área de meio ambiente, na qualidade de vida dos cidadãos e nas universidades”, conclui.

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(CFBio/Divulgação)
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