A indústria italiana biomédica foi muito prejudicada pelo terremoto que atingiu a região de Mirandola, em Emilia-Romagna (nordeste da Itália), na terça-feira, onde uma centena de empresas do setor empregam mais de 5.000 pessoas.
As companhias biomédicas de Mirandola, uma cidade de 22.000 habitantes, localizada a cerca de 30 km de Modena, são organizadas em um consórcio “líder na Europa na produção de equipamentos médicos de plástico descartável (seringas, frascos, etc ..), de aparelhos e instrumentos para diálise, cirurgia cardíaca, transfusão e outras”, de acordo com seu website.
As empresas do setor, incluindo filiais de multinacionais (B. Braun, Covidien, Fresenius, Gambro Dasco e Sorin) “fabricam produtos acabados, bem como componentes. Mirandola lidera o mercado europeu de componentes para a hemodiálise”, segundo a mesma fonte.
Este “distrito industrial” de biomedicina nasceu da ideia de Mario Veronesi, um antigo farmacêutico e representante de uma sociedade americana, originário dessa região, que começou a fabricar em sua garagem produtos descartáveis para hospitais, antes de criar, em 1964, a primeira empresa do setor, a Sterilplast, que impulsionou dezenas de outras.
Em 2009, apesar da crise global, o volume dos negócios desta indústria chegou a 950 milhões de euros, um aumento de 4,5% em um ano, e 40% das vendas foram para exportação.
A região foi atingida há dez dias por um terremoto de magnitude 6, que já tinha causado grandes danos.
Segundo o jornal La Repubblica, o terremoto de 20 de maio causou danos “estruturais” nos hangares de fabricação e nas máquinas da ordem de 300 milhões, enquanto que o de terça-feira causou prejuízos acima dos 600 milhões de euros.
“O mais urgente agora é garantir aos 45.000 italianos que fazem diálise, os produtos e equipamentos necessários para sua sobrevivência diária”, declarou Stefano Rimondi, presidente da associação local Assobiomedica e acionista da Bellco, empresa biomédica de Mirandola.
A empresa “sofreu danos estruturais que tornam impossível a produção e gestão de estoques” existentes, acrescentou.
“Após o terremoto de domingo, 20 de maio, nós pensamos que seria possível retomar gradualmente a produção dentro de dois meses. Agora a situação piorou e eu não podemos fazer previsões. Os tremores recentes mudaram radicalmente o panorama”, acrescentou, observando que a região produz 60% dos produtos e equipamentos para diálise.
Como outras localidades do norte da Itália, coração econômico da península, Emilia-Romagna é formada por uma sucessão de vastas áreas agrícolas e pequenas empresas familiares que operam em diversos setores.
Os setores biomédico, de alimentos e telhas são os pontos fortes desta região que concentra cerca de 1% do PIB italiano.
Na terça-feira, as famosas empresas Ferrari, Maserati e Ducati fecharam suas fábricas, mesmo sem danificações em seus edifícios.
Apenas para o setor agrícola, a associação de produtores Coldiretti estima em 500 milhões de euros os danos causados pelos dois terremotos.