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Há quatro espécies de girafa – não uma, como se acreditava

Maior análise genética do animal revela que as diferenças são como as existentes entre um urso-polar e um pardo. Duas espécies nascem ameaçadas de extinção

Por Da redação
Atualizado em 9 set 2016, 18h52 - Publicado em 9 set 2016, 16h10

A ciência reconhecia até hoje a existência de uma única espécie de girafa, dividida em diversas subespécies mais ou menos iguais. Mas um grupo de cientistas da Alemanha realizou a maior análise genética feita até hoje sobre o animal e concluiu que existe não uma, mas quatro espécies de girafa no mundo. Assim, o cruzamento entre as quatro não gera descendentes férteis, o que pode estar contribuindo para o declínio da população desses animais na natureza. Duas das espécies já nascem ameaçadas de extinção.

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Segundo os autores do estudo, publicado nesta quinta-feira na revista científica Current Biology , embora as quatro espécies de girafa tenham aparência muito semelhante, suas diferenças genéticas são tão grandes quanto as existentes entre os ursos-pardos e os ursos-polares. De acordo com eles, a descoberta tem implicações importantes para a conservação do mais alto dos mamíferos: algumas das novas espécies estão mais ameaçadas de extinção do que se poderia imaginar.

“Ficamos extremamente surpresos, porque há poucas diferenças da morfologia e dos padrões da pelagem entre as girafas. Por causa dessa semelhança, partimos do pressuposto de que todas as girafas têm os mesmos requisitos ecológicos. Mas ninguém sabe de fato, por que esse animal tem sido bastante negligenciado pela ciência”, disse um dos autores do estudo, Axel Janke, geneticista do Centro de Pesquisa em Clima e Biodiversidade da Universidade Goethe (Alemanha).

Declínio

As girafas passam por um dramático declínio na África, segundo o pesquisador. O número de indivíduos caiu de 150.000 para menos de 100.000 nos últimos trinta anos. Apesar disso, segundo Janke, pouca pesquisa foi feita sobre as girafas, em comparação a outros grandes mamíferos como elefantes, rinocerontes, gorilas e leões.

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O cientista explica que, há cinco anos, ele foi procurado por Julian Fennessy, da Fundação de Conservação de Girafas da Namíbia, que lhe pediu ajuda para testes genéticos com esses animais. Fennessy queria saber até que ponto havia semelhanças entre as girafas que viviam em diferentes partes da África, se o deslocamento das girafas ao longo do tempo havia “misturado” diversas espécies e subespécies e quais seriam as consequências de novos deslocamentos de girafas nas áreas protegidas.

No novo estudo, Janke e sua equipe examinaram o DNA extraído de biópsias da pele de 190 girafas coletadas por Fennessy e seu grupo na África, incluindo regiões onde há guerras civis. A ampla quantidade de amostras inclui populações de todas as nove subespécies de girafa previamente reconhecidas pela ciência.

A análise genética mostrou que há quatro grupos distintos de girafa que, aparentemente, não se reproduzem entre si na natureza. Consequentemente, segundo Janke, as girafas devem ser reconhecidas como quatro espécies.

Os cientistas classificaram as quatro espécies como a girafa-do-sul (Giraffa giraffa), a girafa-masai (Giraffa tippelskirchi), a girafa-reticulada (Giraffa reticulata) e a girafa-do-norte (Giraffa camelopardalis) – que inclui a girafa-da-núbia (Giraffa camelopardalis camelopardalis) como subespécie.

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Segundo Fennessy, o estudo revela que a girafa-da-núbia – que vive na Etiópia e na região sul do Sudão e foi a primeira a ser descrita pela ciência, há cerca de 300 anos – faz parte da espécie das girafas-do-norte.

Ameaça de extinção

A descoberta tem impacto importante para a conservação da biodiversidade, segundo os autores. A Comissão de Sobrevivência de Espécies da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês) publicou recentemente uma reavaliação da situação das girafas na Lista Vermelha das espécies, por causa de seu rápido declínio nas últimas três décadas.

“Agora que sabemos que são quatro espécies, o estado de conservação de cada uma delas precisa ser redefinido e revisto na Lista Vermelha da IUCN. Trabalhando em colaboração com os governos africanos, o apoio continuado da Fundação pela Conservação das Girafas e seus parceiros podem destacar a importância de cada uma dessas espécies e iniciar um esforço de conservação, além de levantar recursos para melhorar a proteção desses animais”, afirmou Fennessy.

“Estimamos, por exemplo, que só tenham restado 4.750 indivíduos da girafa-do-norte na natureza. O número de indivíduos da girafa reticulada não passa de 8.700. Como são espécies distintas, elas passam a figurar entre os grandes mamíferos mais ameaçados do mundo”, explicou.

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(Com Estadão Conteúdo)

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