Guerra nuclear entre potências dizimaria produção agrícola
O conflito resultaria em fome generalizada nos maiores e menores cenários, diz a pesquisa
Uma guerra entre potências nucleares poderia resultar em desfechos de diferentes dimensões, dependendo de quem estivesse de lados opostos das barricadas. É o que conclui o estudo publicado recentemente na revista científica Nature Foods, conduzido por cientistas climáticos que examinam a produção agrícola pós-conflito. “Os dados nos dizem uma coisa: devemos evitar que uma guerra nuclear aconteça”, declarou Alan Robock, professor de ciência climática da Universidade Rutgers e coautor do levantamento.
Os pesquisadores, liderados por Lili Xia, professora assistente de pesquisa no Departamento de Ciências Ambientais da Rutgers, trabalharam com modelos matemáticos que calcularam quanta fuligem entraria na atmosfera a partir da detonação de armas nucleares. Esses dados foram, então, inseridos numa ferramenta que estima a produtividade de milho, arroz, trigo e soja por país. Também examinaram as mudanças nas pastagens de gado e na pesca marinha global.
Mesmo sob o menor cenário nuclear, uma guerra entre a Índia e o Paquistão, a produção calórica média global diminuiu 7% em cinco anos após o conflito – uma tragédia que teria consequências gravíssimas em médio prazo. No maior cenário de guerra testado – um conflito nuclear EUA-Rússia em grande escala – a produção calórica média global diminuiu cerca de 90% três a quatro anos após os combates. Neste caso, mais de 75% do planeta morreria de fome em dois anos.
Os pesquisadores avaliaram ainda economias no sistema de alimentação, mas os ganhos foram mínimos nos grandes cenários. “O trabalho futuro trará ainda mais granularidade aos modelos de colheita”, disse Xia. “Por exemplo, a camada de ozônio seria destruída pelo aquecimento da estratosfera, produzindo mais radiação ultravioleta na superfície, e precisamos entender esse impacto no abastecimento de alimentos.”