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Fósseis trazem evidências sobre a origem dos “hobbits”

Os ossos, datados por Adam Brumm, da Universidade de Wollongong, na Austrália, têm em torno de 700.000 anos

Por Da redação
Atualizado em 9 jun 2016, 10h04 - Publicado em 9 jun 2016, 09h47

Novas descobertas podem ter desvendado o passado misterioso dos “hobbits”, hominídeos primitivos que habitaram a ilha de Flores, na Indonésia, entre 95.000 e 12.000 anos atrás. Dois estudos publicados na revista científica Nature na última quarta-feira revelaram que pequenos hominídeos que viveram há 700.000 anos eram provavelmente os antepassados do H. floresiensis, anunciou uma equipe internacional de antropólogos após pesquisas nesta ilha da Indonésia.

“Hobbits” – Estudos iniciais feitos com base em fósseis encontrados na caverna de Liang Bua, em 2003, apontavam que o H. floresiensis, um hominídeo primitivo que chegava a medir até 1 metro de altura e pesava 25 quilos (por isso a espécie ganhou o apelido de “hobbit”, em homenagem às personagens da saga O Senhor dos Anéis, escrita por J. R. R. Tolkien), havia habitado a ilha entre 95.000 e 12.000 anos atrás. Alguns especialistas, na ocasião, afirmaram que os “hobbits”, na verdade, não passavam de espécies de Homo sapiens com algum sério problema de desenvolvimento, mas pesquisas feitas em 2013 reforçaram a ideia de que esses hominídeos eram, na verdade, ancestrais do H. erectusDesde então, os cientistas tentavam explicar de onde provinham estes pequenos seres, a razão de sua baixa estatura e de sua presença na ilha.

Especialistas liderados por Gerrit van den Bergh, da Universidade de Wollongong, na Austrália, descobriram recentemente novos fósseis dos hominídeos da ilha de Flores. O tesouro antropológico, descoberto no sítio arqueológico de Mata Menge a 100 quilômetros da gruta de Liang Bua, onde encontraram os famosos “hobbits”, compreende um fragmento da mandíbula e seis dentes. “Estes estranhos hominídeos já estavam presentes na ilha há 700.000 anos”, explicou Yusuke Kaifu, do Museu Nacional da Natureza e das ciências de Ibaraki, no Japão, e coautor do estudo. “Fiquei impressionado quando vi estes novos fósseis”, acrescentou.
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As minuciosas análises revelaram grandes semelhanças entre os fósseis do “hobbit” da gruta de Liang Bua e os encontrados no sítio arqueológico de Mata Menge, mesmo que os novos achados sejam menores que os fósseis de 2003. “O que encontramos foi uma grande surpresa”, disse Adam Brumm. “Nos leva a pensar que é uma espécie muito antiga, que adquiriu muito cedo seu tamanho pequeno, talvez pouco depois de chegar à ilha, há cerca de um milhão de anos”, explicou. A descoberta reforça a ideia de que os H. floresiensis são uma espécie separada, proveniente desses pequenos hominídeos. De acordo com o pesquisador van den Bergh, a nova descoberta dissipa permanentemente a noção de que os “hobbits” eram H. sapiens que sofriam com algum tipo de doença, com microcefalia ou um indivíduo trissômico (normalmente um indivíduo nasce com dois pares de cromossomos e a presença de três pode levar à ocorrência de más-formações como a Síndrome de Down).

“Os artefatos mais antigos da região sugerem que um grupo de H. erectus chegou a Flores há cerca de um milhão de anos”, afirmou van den Bergh à Nature.

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Nanismo – Pesquisa feita em 2013 revelou que os H. floresiensis podiam ser um descendente perdido do H. erectus – hominídeo ancestral dos humanos que viveu há até 300.000 anos –, que teria progressivamente encolhido através das gerações para adaptar suas necessidades aos recursos pouco abundantes. De acordo com os pesquisadores, a espécie teria diminuído de tamanho depois de ter chegado à ilha de Flores, onde não foram muito bem sucedidos e tiveram de reduzir seu gasto de energia para sobreviver em um ambiente de recursos limitados. A espécie seria um descendente perdido do H. erectus – hominídeo ancestral dos humanos que viveu há até 300.000 anos –, que teria progressivamente encolhido através das gerações para adaptar suas necessidades aos recursos pouco abundantes.

Os “hobbits” teriam ficado isolados na ilha de Flores, desencadeando um fenômeno chamado “nanismo insular”, bem conhecido entre os animais. Os hipopótamos pigmeus que viveram antigamente em Madagascar apresentavam também um cérebro 30% menor em relação ao seu tamanho. E, graças a vestígios encontrados em uma caverna, os cientistas sabem que o H. floresiensis caçava e comia elefantes pigmeus, que certamente passaram pelo mesmo fenômeno evolutivo.

(Com AFP)

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