Experimento faz macaco controlar a mão de outro animal com o pensamento
Resultados podem ajudar a desenvolver novos tratamentos para casos de paralisia
Cientistas americanos fizeram com que um macaco conseguisse mover através do pensamento o braço de outro primata. No experimento, a mão de um macaco Rhesus totalmente sedado – para simular um quadro de paralisia – manipulou um joystick para executar tarefas determinadas por outro animal. Os resultados foram publicados nesta terça-feira, no periódico Nature Communications.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: A cortical-spinal prosthesis for targeted limb movement in paralysed primate avatars
Onde foi divulgada: periódico Nature Communications
Quem fez: Maryam M. Shanechi, Rollin C. Hu e Ziv M. Williams
Instituição: Universidade Cornell, EUA, e outras
Resultado: Cientistas fizeram com que um macaco conseguisse mover – através do pensamento – o braço de outro primata, adormecido
Danos na medula espinhal podem interromper o fluxo de informações entre o cérebro e o corpo, tornando os pacientes incapazes de realizar determinados movimentos. Os pesquisadores pretendiam descobrir uma forma de criar uma “ponte” para restaurar o controle do corpo. “Nós demonstramos que um indivíduo consegue controlar um membro paralisado usando unicamente seus pensamentos”, explicou Maryam Shanechi, da Escola de Engenharia Elétrica e de Computadores da Universidade Cornell.
Para que não precisassem provocar a perda de movimentos em um animal, os pesquisadores usaram dois macacos – um que controlaria o movimento e outro que seria sedado, funcionando como um “avatar”. Em testes de laboratório, uma equipe de engenheiros e neurocientistas usou eletrodos para conectar o cérebro de um macaco à espinha dorsal do outro através de um computador, que decodificou e retransmitiu sinais neurológicos.
O macaco “mestre” foi colocado em uma cadeira especial diante da tela de um computador que exibia um cursor e um círculo verde que se alternavam entre dois pontos. O segundo macaco foi totalmente sedado em outro recinto, com o braço atado a um joystick de 360 graus que controlava o cursor em busca do alvo circular na tela do outro primata.
Quando o “mestre” pensava em mover o cursor, seus sinais cerebrais eram decodificados e transmitidos em tempo real à coluna espinhal do avatar adormecido, cujo braço então manipulava o joystick. A dupla de primatas, mestre e avatar, atingiu o alvo em 84% das tentativas, afirmaram os cientistas.
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Inovação – Pesquisas prévias sobre as chamadas interfaces cérebro-máquina (BMI, na sigla em inglês) já tinham mostrado que pessoas podem mover cursores de computador ou até mesmo braços mecânicos usando a força do pensamento. Shanechi e sua equipe afirmam que essa foi a primeira pesquisa a dar a um animal o controle sobre o membro vivo de outro animal. Outra novidade foi o uso de dois macacos separados, que “imitam mais de perto uma situação real de tetraplegia”, afirmou Ziv Williams, do Centro de Reparo do Sistema Nervoso da Escola de Medicina de Harvard, integrante da equipe de pesquisadores.
(Com Agência France-Presse)