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Descoberta novas espécies de hominídeos que conviveram com ‘Homo erectus’ há 1,7 milhão de anos

Três fósseis encontrados na África desvendam um mistério de quarenta anos e permite aos especialistas conhecer melhor a base da evolução humana

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h28 - Publicado em 8 ago 2012, 21h03

Três novos fósseis descobertos na fronteira entre o Quênia e a Etiópia, na África, confirmam que duas espécies de hominídeos viveram ao lado do Homo erectus há dois milhões de anos. Até então se sabia com certeza apenas da existência de uma segunda espécie que habitou a Terra na época – o terceiro Homo era uma incógnita. O estudo foi publicado na revista Nature.

Os fósseis – um rosto e alguns dentes de um menino com cerca de oito anos, uma mandíbula inferior completa com dentes e raízes e parte de outra mandíbula inferior de um adulto, incompleta, também com dentes e raízes – foram encontrados entre 2007 e 2009 no leste do lago Turkana e pertenceram a hominídeos que viveram entre 1,78 milhão e 1,95 milhões de anos atrás.

A descoberta permitiu aos paleontólogos “juntar” as peças de um quebra-cabeça que, há quarenta anos, os intrigava: o fóssil, chamado de KNM-ER 1470 (ou só 1470), descoberto em 1972, seria ou não uma nova espécie de Homo? Ele tinha um rosto muito maior que outros fósseis encontrados na região, o que tornava difícil compará-lo com outras espécies. Por não se ter a arcada dentária desses fósseis, as análises não eram conclusivas. Parte dos especialistas defendia que se tratava de uma dismorfia de uma única espécie, outra parte que se tratava de algo completamente novo. É aqui que os novos fósseis entram e se encaixam na história do 1470: as novas evidências comprovam que não se tratava de uma alteração pontual na forma, mas de um tipo diferente de Homo.

O fóssil do rosto recentemente encontrado é semelhante ao do 1470. Ele tem uma morfologia desconhecida até então, incluindo o tamanho da face e dos dentes pós-caninos. Foi chamado de KNM-ER 62000. A mandíbula completa, chamada de KNM-ER 60000, e o fragmento de mandíbula, KNM-ER 62003, têm uma arcada dentária mais curta e incisivos pequenos, o que encaixa na morfologia do 1470 e do rosto 62000.

Meave Leakey escava cuidadosamente o novo fóssil KNM-ER 62000 ()
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“Os novos fósseis, e também o 1470, pertencem a espécies de Homo que coexistiam com o Homo erectus. Foram, portanto, três espécies do gênero Homo vivendo na mesma época. Por razões técnicas, não nomeamos especificamente as duas espécies de Homo, mas Bernard Wood [especialista em evolução humana] os chama de Homo habilis e Homo rudolfensis“, escreveu em entrevista por e-mail ao site de VEJA Fred Spoor, do Instituto Max Planck e um dos autores do estudo.

“A presença do Homo erectus e do Homo habilis, convivendo lado a lado, é indiscutível”, falou ao site de VEJA, por e-mail, Bernard Wood, autor do livro Human Evolution: A Very Short Introduction (Evolução Humana: Uma breve introdução, ainda sem tradução no Brasil). “O que estava em jogo era se havia uma terceira espécie – ou seja, se o crânio 1470 era apenas um homem grande do gênero Homo habilis, ou algo diferente”, disse.

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Vizinhos – Segundo Spoor, as três espécies conviveram ao mesmo tempo em um mesmo local – o leste da África era um lugar bastante povoado -, mas o mais provável é que elas se evitassem. “É possível que se conhecessem, mas entre as espécies de mamíferos próximas aos hominídeos, o mais habitual é que as mesmas evitem o contato entre elas, como ocorre com os gorilas e os chimpanzés do Congo”, afirmou Spoor.

O estudo foi assinado por especialistas do Instituto da Bacia de Turkana, no Quênia, do Max Planck, na Alemanha, da universidade College London, na Inglaterra, e das universidades americanas de Stony Brook, Rutgers, Nova York, nos Estados Unidos.

(Com agência EFE)

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