Descoberta deixa cientistas mais perto de compreender o sistema imunológico humano
Pesquisadores dos Estados Unidos descobriram como o corpo humano reage a ataques de infecções virais em nível molecular
Uma equipe de bioquímicos identificou o mecanismo molecular que ativa o sistema imunológico quando um vírus ataca. De acordo com Pingwei Li, pesquisador da Universidade Texas A&M, nos Estados Unidos, isso quer dizer que muitos tratamentos para diversos tipos de vírus podem ser criados – da gripe comum até a hepatite e AIDS. “O trabalho permitiu que entendêssemos como o nosso sistema imunológico reconhece o RNA (código genético) dos vírus em um nível atômico.”
Nos últimos anos, a equipe de Li estudou um a enzima chamada “RIG-I” que detecta a presença de RNA estranho no corpo e ativa uma resposta inata da imunidade.
Diferente da resposta adaptativa da imunidade, a inata dá proteção imediata contra infecção. Respostas adaptativas são aprendidas pelo corpo – ou “ensinadas”, como no caso de vacinas. Mas a imunidade inata está construída bem dentro da estrutura genética e está pronta para responder assim que uma patogenia invade o hospedeiro.
O sistema imunológico inato pode responder rapidamente contra um vírus completamente novo ou ameaças bacterianas, enquanto o sistema imunológico adaptativo precisa passar por um processo de aprendizagem que pode levar semanas até que seja realmente eficiente. Os dois sistemas agem em conjunto.
Por causa da ligação que existe entre os dois sistemas, aprender como a RIG-I percebe a presença de algum vírus é um passo importante para desenvolver tratamento para milhares de doenças, explicou Li.
Os vírus possuem RNA, que são moléculas parecidas com o DNA, mas com funções diferentes. As moléculas de RNA dos vírus possuem estruturas que não existem no RNA humano. A enzima RIG-I ataca essas estruturas diferenciadas e ativa uma resposta do sistema imunológico estimulando a produção da interferona.
Interferonas são proteínas produzidas e liberadas pelas células infectadas para lutar contra os vírus e as bactérias. Até a pesquisa de Li, não se sabia como a enzima RIG-I ativava as respostas antivirais em nível molecular. Os pesquisadores sabiam que a enzima atacava uma estrutura chamada “Trifosfato-5”, que é típica ao RNA. Além disso, sabia-se que uma parte específica do RIG-I se prendia ao RNA viral. “A parte mais importante é ‘o domínio C-terminal’, um módulo de conexão do RNA capaz de reconhecer RNA de vários tipos diferentes de vírus”, explicou Li. O estudo se concentrou apenas nessa parte da RIG-I.
Agora, a equipe está analizando toda a extensão da enzima para entender completamente como a conexão da estrutura com o RNA ativa uma resposta imunológica. “O objetivo final da pesquisa é compreender como o sistema imunológico combate as infecções virais. Os resultados dessa pesquisa vai facilitar o desenvolvimento de muitos reagentes antivirais, anticancerígenos e vacinas mais eficientes”, concluiu Li.