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Degelo no Ártico deve bater recorde, alertam cientistas

Cobertura de gelo é quase 40% menor do que a registrada no verão de 1979, quando começou o monitoramento na região

Por Jean-Philip Struck
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h28 - Publicado em 27 ago 2012, 09h43

A cobertura de gelo no oceano Ártico está derretendo a uma taxa surpreendentemente rápida, na opinião dos cientistas, e deve alcançar a menor extensão já registrada nesta semana. Segundo o centro de monitoramento de gelo e neve dos Estados Unidos (NSIDC, na sigla em inglês), ligado à Universidade do Colorado, o recorde deve ser batido antes da temporada de degelo acabar, no início de setembro.

Até a confirmação dos dados do degelo deste ano, o recorde continua a pertencer à temporada de 2007, quando a cobertura de gelo da região encolheu 4,25 milhões de quilômetros quadrados.

Na segunda semana de agosto a extensão remanescente de gelo no Ártico foi estimada em 4,66 milhões de quilômetros quadrados. Número quase 40% menor do que os cerca de 8 milhões de quilômetros quadrados de extensão de gelo que existiam durante o verão de 1979, quando o monitoramento por satélite começou na região. Cientistas do NSIDC afirmam não ter dúvida de que a taxa deste ano vai ser consideravelmente maior que a de 2007.

Alguns centros europeus, que usam uma metodologia diferente, como o Nansen Environmental and Remote Sensing Center (centro ambiental Nansen de sensoriamento remoto), da Noruega, afirmaram no início desta semana que o recorde de 2007 já foi quebrado.

Maior degelo já registrado – Nesse caso, o critério de medida é a área da cobertura de gelo. Segundo o NSIDC, esse método é mais impreciso. Os cientistas o comparam à medição da área de um queijo-suíço, já que inclui buracos que possam existir na área.

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“Temos algumas diferenças de metodologia, mas no fim as conclusões devem ser as mesmas”, disse ao site de VEJA o pesquisador do NSIDC Walter N. Meier, apostando que 2012 vai ter o maior degelo já registrado..

A área congelada do oceano Ártico sempre costuma sofrer reduções durante o verão no hemisfério norte, mas os cientistas afirmam estar surpresos com a rapidez e a extensão com que os degelos estão atingindo a região.

A culpa, segundo os cientistas do NSIDC, é do aquecimento global (leia mais na entrevista abaixo).

“O ano de 2007 foi atípico, com muitas ondas de calor, tempestades. Mas não podemos mais analisar esse ano isoladamente, já que os cinco anos seguintes também tiveram degelo extremo. E agora temos um novo recorde chegando. Os intervalos entre grande degelos estão ficando cada vez menores. A elevação da temperatura no mundo desempenha um papel chave nisso”, disse Meier.

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“O Ártico vai ficar sem gelo no verão”

Walter N. Meier

pesquisador do National Snow and Ice data Center (centro de monitoramento de gelo e neve dos EUA)

Por que a cobertura de gelo está diminuindo tanto?

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Os últimos anos já haviam registrado degelos muito grandes, isso deixou a estrutura do gelo mais fraca, mais fina, incapaz de resistir a variações de temperatura mais fortes e a tempestades. Isso também cria um ciclo vicioso. Quanto mais gelo derreter, mais o degelo vai se acelerar, já que mais partes escuras do oceano, que absorvem o calor do Sol, vão aparecer, aumentando a temperatura do oceano e derretendo a parte do gelo que fica embaixo d’água.

Qual é o papel do aquecimento global no derretimento?

O ritmo de elevação da temperatura no Ártico é o dobro daquele registrado no resto do planeta. Com temperaturas mais altas, o gelo não tem muita oportunidade para se recompor, ficando mais fraco.

O monitoramento por satélite dessa cobertura de gelo começou em 1979. O que mudou nesses mais de 30 anos?

Quando os satélites começaram a monitorar o ártico, a superfície da capa de gelo que cobre o oceano era quase 40% maior durante o verão. Essa redução se tornou praticamente permanente. Os cientistas sempre monitoraram souberam que o Ártico ia pagar o preço pelo aquecimento global, mas é surpreendente como as mudanças estão ocorrendo tão rapidamente. As projeções das últimas décadas subestimaram a velocidade do ritmo do degelo.

O maior degelo desde que o gelo passou a ser monitorado aconteceu em 2007. Qual a diferença entre esse ano e 2012?

O ano de 2007 foi atípico, com muitas ondas de calor, tempestades e outros eventos extremos. Mas não podemos mais analisar esse ano isoladamente, já que os cinco anos seguintes também tiveram degelo extremo. Os anos de 2008 e 2011 registraram o terceiro e segundo maiores degelos desde o começo do monitoramento. Infelizmente, esse padrão mostra que não são mais eventos atípicos.

No futuro, a cobertura de gelo do Ártico pode vir a desaparecer por completo nos meses de verão?

É o que pesquisas científicas indicam, que o Ártico vai ficar sem gelo no verão. Já não se discute mais se isso vai acontecer, mas quando. Modelos que trabalham com projeção do ritmo de emissão de gases do efeito estufa, elevação da temperatura indicam que isso pode acontecer até 2050, outros, que esse fenômeno ainda vai demorar mais.

O que vai acontecer com a cobertura de gelo em 2013?

É difícil prever. Não dá para saber se o provável recorde de 2012 vai ser quebrado. Mas uma coisa é certa: o gelo não vai se recuperar em um ano.

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