Concurso escolhe nome do local de pouso em cometa
O lugar onde vai pousar o módulo transportado pela sonda Rosetta foi batizado de Agilkia, em referência a uma ilha no rio Nilo
A Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) anunciou nesta terça-feira o nome do lugar onde o módulo Philae, transportado pela sonda Rosetta, vai pousar na superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, em 12 de novembro. Até então conhecido como ponto J, o local foi batizado de Agilkia, em referência a uma ilha situada no rio Nilo, no sul do Egito.
Na década de 1960 e 1970, um complexo de edificações do Egito Antigo, dentre os quais o famoso Templo de Ísis, localizado na ilha Philae, estava ameaçado pela construção da Represa de Assuã. As obras foram desmontadas e reerguidas em Agilkia. “Não poderia haver nome mais apropriado. A realocação dos templos foi um feito tecnicamente ambicioso, realizado para preservar um registro arqueológico da nossa história antiga”, afirma Fred Jansen, diretor da missão Rosetta na ESA.
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A escolha do nome foi feita por meio de um concurso, que durou uma semana e teve mais de 8 000 participantes de 135 países. O nome Agilkia foi proposto por mais de 150 participantes. Houve ainda sugestões de acrônimos, sequências de dígitos e onomatopeias, além de referências a obras de ficção científica de autores como Júlio Verne, Arthur C. Clarke e Douglas Adams.
Pouso – A sonda Rosetta vai liberar o módulo às 5h35 (horário de Brasília) do dia 12 de novembro, a uma distância de aproximadamente 22,5 quilômetros do centro do cometa. O pouso deve ocorrer sete horas mais tarde. Como as mensagens da Rosetta demoram 28 minutos para chegar à Terra, a confirmação deve ocorrer por volta das 13 horas.
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Dez anos de Rosetta – Lançada em 2 de março de 2004, a bordo do foguete Ariane 5, do Centro Espacial Europeu de Kourou, na Guiana Francesa, Rosetta tem previsão de funcionar até 31 de dezembro de 2015. Após seu lançamento, a missão, com um custo estimado em 1 bilhão de euros (cerca de 3 bilhões de reais), realizou três voltas ao redor da Terra, para ganhar impulso, e uma ao redor de Marte. Rosetta também foi o primeiro objeto a se aproximar de Júpiter, usando seus painéis solares como principal fonte de energia.
Em 20 de janeiro, a sonda foi reativada, depois de 957 dias “hibernando” no espaço. Com a entrada na órbita do 67P/Churyumov-Gerasimenko, em agosto, Rosetta tem acompanhado o cometa em sua viagem em direção ao Sol, para monitorar as mudanças que acontecerão no corpo celeste durante este trajeto, até que ele atinja o ponto mais próximo à estrela. Por serem ‘sobras’ da formação do nosso Sistema Solar, a composição dos cometas pode dar pistas importantes sobre o surgimento da vida na Terra e a evolução do Universo.