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Cientistas revelam atuação de zika brasileiro no cérebro

É a primeira vez que os pesquisadores utilizam a variante em circulação no Brasil. Os resultados mostram como ele destrói as células-tronco neurais

Por Marina Rappa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 Maio 2016, 15h26 - Publicado em 11 Maio 2016, 08h53

O vírus zika em circulação no Brasil pode alterar o desenvolvimento do cérebro, fazendo com que as células-tronco neurais parem de se reproduzir em bebês, revelou um estudo brasileiro pioneiro divulgado nesta semana. Pesquisas anteriores já haviam mostrado como outras variantes do vírus atuam nas células neurais, mas ainda não eram capazes de revelar os detalhes dos efeitos do zika brasileiro – responsável pela dramática epidemia de microcefalia em bebês. Os pesquisadores identificaram que, além de impedir a reprodução das células, o zika ainda pode matá-las e causar malformações durante o desenvolvimento do cérebro. A pesquisa é mais um passo importante para a criação de um diagnóstico confiável e de tratamentos para a doença.

“Com o vírus em circulação no Brasil, conseguimos, além de observar a atividade do microrganismo, mapear os genes que foram modificados”, disse o professor Stevens Rehen, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e líder do estudo, ao site de VEJA. “O conhecimento genético pode ajuda na busca por medicamentos que diminuam os danos causados pelo zika no organismo.”

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Estudo pioneiro – Em um estudo publicado em abril na revista científica Sciencea equipe já havia identificado que o vírus zika tinha a capacidade de infectar e matar as células neurais. Os cientistas usaram a variante africana do microrganismo para testes em minicérebros (estruturas que também podem ser chamadas de organoides cerebrais), organismos similares ao cérebro humano em desenvolvimento.

A nova pesquisa, feita com a variante em circulação no Brasil, revela que ela é capaz de infectar e matar as células neurais, mas, antes disso, impede que as células-tronco se dividam. “A partir da infecção do vírus brasileiro na célula, conseguimos observar a alteração nos genes específicos. Dos 525 000 genes que temos, identificamos mais de 500 alterados graças à atividade do vírus zika nas células-tronco neurais humanas”, disse Rehen.

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Os resultados do estudo que descrevem a atuação do zika nas células cerebrais foram divulgados em pre-print (fase da pesquisa em que os resultados ainda não foram revisados por especialistas) em uma plataforma acessível aos cientistas. De acordo com Rehen, a equipe cumpriu uma orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) que, em encontro com representantes de diversas publicações acadêmicas, pediu que as pesquisas relacionadas a assuntos emergenciais fossem publicadas rapidamente, mesmo em versão preliminar. Assim, os resultados podem ser conhecidos por todos que realizam estudos relacionados ao zika, contribuindo para que novos tratamentos e diagnósticos sejam alcançados mais rapidamente.

“Divulgamos essa versão e a submetemos à revisão de uma revista científica de grande impacto. Como é uma área de importância mundial e de emergência, acredito que a versão final do estudo sairá nas próximas semanas”, afirma o professor.

A pesquisa foi realizada por meio de um consórcio entre a UFRJ, IDOR, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Instituto Evandro Chagas de Belém e pela Universidade Federal do Pará.

 

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