Cientistas reduzem efeitos da cocaína no cérebro de ratos
Técnica pode ajudar a criar remédios e tratamentos para livrar usuários do vício
Pesquisadores da Universidade de Genebra, na Suíça, descobriram um elo entre o uso de cocaína e mudanças físicas no cérebro. No estudo, publicado na última edição da revista Nature, os cientistas ainda explicaram como reverteram essa mudança em ratos de laboratório. O tratamento, porém, só funcionou em cobaias recentemente viciadas na droga.
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NÚCLEO ACCUMBENS
Vício e prazer estão intimamente ligados no cérebro, pois estimulam a mesma parte do órgão, o núcleo accumbens. Cada metade do cérebro tem um desses núcleos. Eles ficam ativos em situações tanto de alegria quanto de agressividade e medo.
A ciência descobriu sua importância na década de 50, quando ratos de laboratório preferiam apertar uma alavanca que estimulava o local a comer ou beber.
Os neurônios dos núcleos accumbens ficam mais ativos tanto por causa de vícios químicos, como o relacionado à cocaína, quanto por vícios físicos, como a compulsão por sexo.
Em 2007, uma pesquisa mostrou que a região é fundamental para o fenômeno conhecido como efeito placebo. Pois seus circuitos neurais respondem à expectativa de benefícios diante de um tratamento.
Os cientistas usaram uma técnica chamada opto genética, que consiste em causar ações em células por meio da luz, para impedir que a cocaína desse aos ratos percepções consideradas positivas pelo cérebro.
Já se sabia que o uso da droga induz no cérebro um aumento considerável da atividade dos neurônios do núcleo accumbens (veja mais no quadro ao lado), responsável pelas sensações de recompensa e prazer. Os cientistas dispararam pulsos de laser em neurônios corticais, que se comunicam com os neurônios no núcleo accumbens, em cobaias que haviam recebido várias doses de cocaína. Isso causou uma tempestade na “conversa” entre essas células. O número de sinapses diminuiu e o efeito inicial de sensação de energia causado pela droga foi anulado.
A técnica foi usada em vários ratos ao mesmo tempo, alcançando praticamente os mesmos resultados: a diminuição da vibração cerebral e do comportamento nervoso associado ao consumo da droga. Mas isso só ocorreu com ratos que haviam sido expostos à cocaína há pouco tempo. Por isso, os cientistas concluíram que o uso continuado da substância opera mais mudanças no cérebro.
Os pesquisadores devem continuar buscando mudanças ainda desconhecidas no cérebro. No futuro, essas informações podem ser usadas para desenvolver remédios que inibam esse ciclo e livrem usuários do vício.