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Cientistas questionam cura do soropositivo ‘paciente de Berlim’

Por Gerard Julien
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h34 - Publicado em 13 jun 2012, 18h58

A anunciada cura, única até agora, do americano Timothy Brown, infectado com o vírus HIV e conhecido como o “paciente de Berlim”, gera controvérsia entre virologistas diante da uma possível recorrência da infecção, segundo relatório publicado em um blog da revista Science.

Os cientistas divergem sobre os últimos dados a respeito de Brown apresentados em uma conferência na Espanha na semana passada, destacou um informe postado no blog ScienceInsider.

Em 2006, Brown, um americano soropositivo que na época era residente em Berlim há dez anos, foi submetido a um transplante de medula para tratar uma leucemia que tinha se manifestado três anos antes.

A medula veio de um doador com uma incomum mutação genética naturalmente resistente ao HIV. Uma em cada 100 pessoas caucasianas tem esta mutação que impede que a molécula CCR5 apareça na superfície da célula.

O sofisticado procedimento realizado na Alemanha pareceu erradicar o vírus da imunodeficiência humana adquirida (HIV) do corpo de Brown, o que levou seus médicos a declararem, em artigo na revista científica ‘Blood’, em 2010, que haviam conseguido a “cura do HIV”.

Mas, durante congresso científico internacional celebrado na Espanha em 8 de junho, o virologista Steven Yukl, da Universidade da Califórnia em San Francisco, disse que novos exames feitos no paciente mostraram “sinais de HIV”, acrescentando desconhecer se estes foram “reais ou (ocorreram) por contaminação” da amostra.

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Portanto, o cientista destacou não poder dizer “com certeza neste momento se houve uma erradicação total do HIV”, segundo o informe do ScienceInsider.

Alguns cientistas interpretaram, no entanto, que Yukl disse que a cura do HIV não tinha sido alcançada e que Brown poderia, inclusive, ter se reinfectado com o vírus da Aids.

O renomado especialista em Aids Alain Lafeuillade, do Hospital Geral em Toulon, França, tirou suas próprias conclusões sobre a pesquisa de Yukl, afirmando que os resultados indicavam a presença de HIV no sangue de Brown.

“O chamado ‘paciente de Berlim’ ainda tem vestígios detectáveis do vírus da Aids em seu corpo”, escreveu em um comunicado. “E a gente se pergunta se Brown foi reinfectado e poderia infectar outras pessoas”, disse o virologista francês.

Yukl e outros cientistas que fizeram o estudo apresentado na Espanha questionaram duramente a interpretação de Lafeuillade.

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“Nós não dissemos que o HIV ainda está presente no sangue (de Brown) ou que não estivesse curado”, insistiu Yukl. “o propósito da apresentação foi trazer a questão de como definir uma cura da infecção e, neste nível de detecção do vírus, como se pode saber se o sinal é real?”, disse.

Com exames específicos do sangue, do plasma e do tecido retal de Brown, Yukl e seus colegas conseguiram detectar fragmentos de DNA do vírus.

Embora Yukl acredite que estes fragmentos sejam uma clara evidência da presença do HIV, Douglas Richman, da Universidade da Califórnia em San Diego, outro pesquisador do grupo, disse não ter encontrado nada suspeito, sugerindo que seus colegas na verdade encontraram contaminantes.

“Se estes exames forem repetidos vezes suficientes, podem ser encontrados, inclusive, sinais da presença de elefantes cor de rosa na água”, brincou.

Segundo o blog ScienceInsider, outro laboratório também encontrou anticorpos de HIV no corpo de Brown, mas os níveis foram baixos e descendentes.

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O virologista Tae-Wook Chun, do Instituto Americano de Alergias e Doenças Infecciosas, outro pesquisador que trabalhou com Yukl, destacou que sua equipe não tinha isolado vírus nenhum da Aids capaz de se replicar. O especialista especulou que Brown poderia ser simplesmente portador de fragmentos genéticos defeituosos e inofensivos do vírus.

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