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Cientistas criam método para ‘ler pensamentos’

Técnica detecta pensamentos que envolvam valores, mas há outras aplicações possíveis, como ajudar quem perdeu a fala a se comunicar por pensamento

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h16 - Publicado em 17 out 2013, 05h14

Cientistas descobriram um jeito de “ler mentes”. A técnica, por enquanto, só funciona com pensamentos numéricos e não permite descobrir exatamente em que a pessoa está pensando, mas torna possível saber se alguém está pensando em valores. A descoberta pode levar a diversas aplicações no futuro, como permitir que pacientes que perderam a capacidade da fala após um derrame, por exemplo, se comuniquem por meio do pensamento.

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CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Numerical processing in the human parietal cortex during experimental and natural conditions

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Onde foi divulgada: periódico Nature Communications

Quem fez: Mohammad Dastjerdi, Muge Ozker, Brett L. Foster, Vinitha Rangarajan e Josef Parvizi

Instituição: Universidade Stanford, EUA, e outras

Dados de amostragem: 3 pacientes com epilepsia que tiveram eletrodos implantados no cérebro

Resultado: Os pesquisadores conseguiram identificar uma região do cérebro que, quando ativa, significa que a pessoa está pensando em números, valores ou quantidades.

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Teorias “conspiratórias” afirmam que a técnica pode ser utilizada para criar um chip que mapeie pensamentos. “Se fosse um jogo de baseball, nós teríamos acabado de comprar o ingresso para entrar no estádio”, compara Josef Parvizi, neurologista da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, e um dos autores do estudo.

Situações reais – Publicada nesta terça-feira no periódico Nature Communications, a pesquisa é a primeira a medir a atividade cerebral de voluntários não apenas em ambientes laboratoriais, mas em ações cotidianas. Os três voluntários do estudo foram pacientes que estavam internados em um hospital, aguardando uma cirurgia para epilepsia resistente a medicamentos. Para descobrir o local do cérebro que originava as convulsões e verificar a possibilidade de removê-lo cirurgicamente sem afetar outras funções do organismo, esses pacientes tiveram parte do crânio removida para a implantação de eletrodos diretamente no cérebro. Enquanto aguardavam os resultados dos exames, os participantes permaneceram internados, mas podiam realizar atividades como conversar com amigos e familiares, comer e assistir televisão.

Os pacientes responderam um questionário com perguntas de verdadeiro ou falso. Algumas envolviam raciocínio matemático (como “2+4=5”?) e outras memória episódica, ou seja, eventos que podem ser lembrados conscientemente (“você tomou café esta manhã?”). As ações dos participantes durante os dias em que estavam sendo monitorados com os eletrodos também foram filmadas, para que os pesquisadores pudessem comparar as atividades com o comportamento das células nervosas.

Dessa forma, os cientistas descobriram que a atividade na parte do cérebro chamada sulco intraparietal, relacionada à capacidade de lidar com números, aumentava apenas quando os voluntários faziam cálculos ou pensavam numericamente. Um dos pacientes, por exemplo, falava com um amigo sobre ter recebido “um pouco mais” de um analgésico, e outro mencionou “uma crise epiléptica de 10 a 15 minutos”. Em ambos os casos, a atividade no sulco intraparietal disparou, da mesma forma como quando as perguntas de matemática do teste foram respondidas.

Dificuldade – Aplicar essa técnica a uma leitura específica de pensamentos ou de linguagem, porém, seria muito mais complicado. A ciência ainda não descobriu como o cérebro processa conceitos específicos, como palavras ou números. A nova pesquisa revelou onde ocorre o processamento numérico, mas não o circuito específico responsável pelo número dois, por exemplo. Por enquanto, de acordo com o neurologista Josef Parvizi, apenas é possível dizer que uma pessoa está ou não pensando em números.

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As técnicas utilizadas anteriormente para este tipo de estudo, como a ressonância magnética, impossibilitam a análise da atividade cerebral em um contexto da vida real, uma vez que o paciente precisa ficar imóvel em uma câmara escura para que as imagens sejam obtidas. O cruzamento dos dados levou à conclusão de que o padrão de atividade cerebral nos dois ambientes é muito semelhante.

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