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Cientistas brasileiros mostram que sonhos podem ajudar no diagnóstico de doenças mentais

A forma como os pacientes descrevem seus sonhos pode ajudar a diferenciar esquizofrenia e transtorno bipolar

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h14 - Publicado em 6 fev 2014, 17h46

Um estudo brasileiro mostrou que o jeito de contar um sonho pode ajudar a identificar doenças psiquiátricas. Segundo os autores, essa pode ser uma forma de diferenciar o diagnóstico de esquizofrenia e transtorno bipolar, dois quadros ainda difíceis de separar sem que um acompanhamento mais longo seja realizado com os pacientes. A pesquisa foi publicada em janeiro, no periódico Scientific Reports.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Graph analysis of dream reports is especially informative about psychosis

Onde foi divulgada: periódico Scientific Reports

Quem fez: Natália B. Mota, Raimundo Furtado, Pedro P. C. Maia, Mauro Copelli e Sidarta Ribeiro

Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Universidade Federal de Pernambuco

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Resultado: A forma como os pacientes descrevem seus sonhos ajuda a diferenciar esquizofrenia e transtorno bipolar

Realizado por pesquisadores do Instituto do Cérebro, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e da Universidade Federal de Pernambuco, o estudo contou com a participação de 60 voluntários, que relataram seus sonhos. Dentre essas pessoas, algumas tinham sido diagnosticadas com transtorno bipolar, outras com esquizofrenia e as demais não apresentavam nenhuma doença, formando o grupo de controle. As falas dos voluntários foram transcritas, e os cientistas as transformaram em gráficos, com pontos que representavam cada palavra dita.

“A semelhança do fenômeno do sonho com a psicose é uma ideia antiga. Durante o sonho, você acredita em situações irreais sem muita crítica, e algo semelhante aparece nas psicoses. Tanto portadores de esquizofrenia quanto de transtorno bipolar podem ter essas experiências psicóticas sem muita crítica, acreditando em perseguições ou outros eventos irreais”, explica Natália Mota, doutoranda o Instituto do Cérebro e principal autora da pesquisa.

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Diferenças – Os resultados mostraram que os gráficos feitos com as falas das pessoas com esquizofrenia eram muitos diferentes daqueles com transtorno bipolar. No primeiro caso, usavam poucas palavras para contar o ocorrido, enquanto os outros falavam por muito mais tempo e se repetiam.

Segundo Natália, parte do treino da psiquiatria envolve reconhecer sintomas na estrutura da fala, pois ela revela como o pensamento se organiza. “Uma pessoa com sintomas psicóticos, se tiver esquizofrenia, tende a ter um discurso mais empobrecido, fragmentado, enquanto um portador de transtorno bipolar usa mais palavras, tem um discurso mais informativo”, afirma.

Curiosamente, essa diferença só foi encontrada nas descrições de sonhos. Quando os participantes narravam eventos da vida real, o padrão não aparecia. “Ao relatar fatos corriqueiros, as pessoas falam de maneira linear, empobrecida, o que diminui a diferença entre os gráficos”, diz a autora.

Os pesquisadores pretendem agora investigar porque o relato de um sonho é mais rico e informativo. Natália explica que as razões podem ser o conteúdo afetivo do sonho, o fato de ser algo facilmente esquecido ou ainda a noção de que apenas o sujeito vivenciou aquele momento, o que criaria uma necessidade de ser mais descritivo e detalhado em seu relato.

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A proposta é que esse método seja utilizado por psiquiatras como um diagnóstico complementar na diferenciação das duas síndromes. “É como um exame de sangue. Sintomas como febre e tosse levam o médico a suspeitar de uma infecção, mas para saber se é causada por vírus ou bactéria ele pede um hemograma”, afirma Natália. A ferramenta utilizada na pesquisa, denominada speechgraph, está disponível no site do Instituto do Cérebro, para ser utilizada por outros profissionais.

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