Células-tronco podem reparar córnea danificada
Segundo pesquisa sueca, o processo diminuiria a fila de espera por transplantes, além de facilitar os procedimentos cirúrgicos

Uma córnea nova é a única maneira de recuperar a visão para pessoas que tiveram este tecido danificado. Pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, porém, abre um novo caminho a esses pacientes. Os pesquisadores conseguiram, pela primeira vez com sucesso, cultivar células-tronco em córneas humanas danificadas, o que pode facilitar o processo de transplantes.
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CÉLULAS-TRONCO
Também chamadas de células-mãe, as células-tronco podem se transformar em qualquer um dos tipos de células do corpo humano e dar origens a outros tecidos, como ossos, nervos, músculos e sangue. Dada essa versatilidade, elas vêm sendo testadas na regeneração de tecidos e órgãos de pessoas doentes.
Na pesquisa, os cientistas utilizaram córneas danificadas obtidas na clínica oftalmológica do Hospital Universitário Sahlgrenska, em Mölndal, pequena cidade que fica na região de Gotemburgo. O estudo, publicado na revista Acta Ophthalmologica, mostra como células-tronco humanas podem ser usadas para desenvolver as chamadas células epiteliais, responsáveis por manter a transparência da córnea. Uma córnea opaca, ou embaçada, seja por doenças hereditárias, queimaduras por substâncias químicas, infecções ou outras causas, pode diminuir significamente a visão ou até mesmo cegar uma pessoa. A córnea saudável é transparente.
Para o desenvolvimento das células epiteliais, os pesquisadores cultivaram as células-tronco primeiro em laboratório, o que durou 16 dias, para depois as cultivarem na própria córnea, levando mais seis dias. Ao final de 22 dias, os cientistas conseguiram obter córneas novas e sem danos, prontas para serem transplantadas nos pacientes sem visão.
“Experimentos similares foram realizados em animais, mas esta é a primeira vez que as células-tronco foram cultivadas com sucesso em córneas humanas danificadas”, diz Charles Hanson, um dos autores da pesquisa.
Segundo o estudo, cerca de 100.000 transplantes de córnea são realizados todos os anos no mundo. Neles, a córnea danificada e turva que está tornando o paciente cego é substituída por uma saudável e transparente. Mas o processo requer uma córnea doada e em boas condições de outra pessoa, o que dificulta a frequência desses transplantes. “Se pudermos estabelecer um método de rotina para recuperar córneas danificadas que normalmente seriam descartadas, a disponibilidade de material para transplantes será ilimitada. Os procedimentos cirúrgicos e de pós-tratamento também se tornarão muito mais simples”, afirma Ulf Stenevi, coautor do estudo.