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Brasil reduz emissões de carbono na atmosfera

Estudo aponta um declínio de 70% no desflorestamento da Amazônia, que representa 3,2 bilhões de toneladas de CO2 a menos na atmosfera

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h11 - Publicado em 5 jun 2014, 20h09

Um estudo publicado na revista Science nesta quinta-feira mostrou que, de 2004 a 2013, o Brasil reduziu em 70% o desflorestamento da Floresta Amazônica e emitiu 3,2 bilhões de toneladas de CO2 a menos na atmosfera. Nesse período, 86.000 quilômetros quadrados da floresta foram poupados do desmatamento, uma área que corresponde a 14,3 milhões de campos de futebol, sem que a produção agrícola do país fosse reduzida.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Slowing Amazon deforestation through public policy and interventions in beef and soy supply chains

Onde foi divulgada: periódico Science

Quem fez: Daniel Nepstad, David McGrath, Claudia Stickler, Ane Alencar, Andrea Azevedo, Briana Swette, Tathiana Bezerra, entre outros

Instituição: Earth Innovation Institute, nos Estados Unidos, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, no Brasil, e outras

Resultado: Desde 2004, 86.000 quilômetros quadrados de floresta amazônica foram poupados do desmatamento. Essa redução corresponde a um declínio de 70% no desflorestamento e 3,2 bilhões de toneladas de CO2 a menos na atmosfera

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Na pesquisa, dezessete pesquisadores brasileiros e americanos concluíram que a mudança foi impulsionada por uma combinação de políticas públicas, rejeição do mercado ao desflorestamento e um aumento de áreas protegidas. Os autores acreditam que o sucesso brasileiro mostra o potencial dos países tropicais de produzirem mais alimentos sem destruir florestas, mas destacam que esse avanço pode ter pouca duração sem mais incentivos para os fazendeiros.

“Os ganhos são significativos, mas frágeis. Nós estamos atingindo o limite do que pode ser obtido com medidas punitivas. À medida em que a demanda mundial por soja e carne começar a crescer novamente, vai ser necessária uma nova abordagem para manter a devastação contida na Amazônia”, afirma Daniel Nepstad, diretor do Earth Innovation Institute e principal autor do estudo.

Entre 1999 e 2004, a Amazônia foi intensamente pressionada pela expansão em larga-escada da produção de soja. Florestas foram derrubadas em quantidades alarmantes, apesar de o Código Florestal determinar que os agricultores deveriam manter 80% de suas propriedades com floresta nativa. De 2005 a 2007, a margem de lucro da soja caiu, possibilitando uma mudança. Após muita negociação, os principais compradores de soja produzida na Amazônia decidiram apoiar um acordo de fazer negócios apenas com produtores cujas terras haviam sido desmatadas antes de 2006, o que incentivou os fazendeiros a usar as terras que já possuíam de forma mais produtiva.

Em 2008, uma nova medida fez com que os fazendeiros pudessem ser banidos do crédito agrícola se suas terras tivessem alto desflorestamento. Paralelamente, a área da Amazônia destinada à preservação foi ampliada. “Os produtores melhoraram suas práticas, e isso tem a ver com essa exigência dos compradores, com a melhora do monitoramento e com a união da parte econômica”, disse ao site de VEJA Ane Alencar, diretora do programa Cenários para a Amazônia do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e integrante da equipe que realizou o estudo.

Desde o início dessa pesquisa, em 2004, o ano de 2013 foi o primeiro que apresentou aumento na derrubada de floresta, que foi de 28%. Os pesquisadores, porém, ainda não sabem se isso representa uma tendência de elevação ou apenas a retomada da estabilidade: com 4.570 quilômetros quadrados desmatados, 2012 tinha sido o ano com a menor perda florestal. “Apesar do aumento, 2013 ainda foi o ano com a segunda menor taxa de desmatamento de todo o período de monitoramento, com 5.840 quilômetros quadrados”, explica Ane. Em 2004, antes da redução, o desmatamento chegou a quase 28.000 quilômetros quadrados.

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Incentivos – Os pesquisadores, no entanto, começam a se preocupar com a manutenção desse padrão. “Se continuarmos apenas com as punições e medidas de restrição econômicas, chega um momento em que, se não houver incentivos positivos, principalmente para aqueles que estão fazendo a coisa certa, a gente pode reverter todo esse ganho”, diz Ane. A pesquisadora sugere que os produtores considerados exemplares tenham acesso a créditos com juros mais baixos ou vantagens na venda de seus produtos, por exemplo.

A redução da destruição da Amazônia é importante não apenas para o Brasil, mas para o resto do mundo: o maior potencial para a expansão agrícola hoje é encontrado no Brasil e em outros países tropicais, e a perda de floresta tropical é responsável por 15% das emissões de dióxido de carbono global. “O grande desafio da atualidade é produzir mais alimentos, para mais pessoas, em áreas menores de terra, e ao mesmo tempo reverter a perda de florestas tropicais”, explica Nepstad. “O Brasil tem mostrado ao mundo que isso pode ser feito”, completa. “Agora, temos de mostrar que a diminuição drástica do desmatamento que temos alcançado pode se tornar permanente – e que é realmente possível manter 80% da floresta em pé para gerações futuras”, afirma Ane.

Mudança – Para Ane, a grande redução no desmatamento que ocorreu de 2004 para cá, o que pode explicar a pesquisa divulgada ontem, que coloca o Brasil como o país que mais perde cobertura florestal por ano no mundo. O estudo, realizado pela ONU, leva em consideração dados de 1990 a 2010, enquanto o monitoramento atual usa dados de 2004 a 2013.

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