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Aumento de dióxido de carbono nos oceanos afeta cérebro de peixes

Aquecimento global coloca vida marinha em risco, alerta estudo australiano

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h48 - Publicado em 17 jan 2012, 13h05

O aumento do nível de dióxido de carbono na água do mar prejudica o sistema nervoso dos peixes. Os animais expostos a altos níveis da substância relacionada ao aquecimento global ouvem mal, sentem menos os cheiros característicos de predadores e abrigos e se cansam mais. Segundo os autores da pesquisa, a presença cada vez maior de CO2 nas águas marinhas é uma ameaça direta – e ainda não totalmente conhecida – à vida.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Near-future CO2 levels alter fish behaviour by interfering with neurotransmitter function

Onde foi divulgada: revista Nature Climate Change

Quem fez: Göran Nilsson, Danielle Dixson, Paolo Domenici, Mark McCormick, Christina Sørensen, Sue-Ann Watson e Philip Munday

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Instituição: Centro de Excelência para Estudos de Recifes de Coral, Austrália

Dados de amostragem: Filhotes de peixe-palhaço e peixe-donzela

Resultado: Peixes expostos a água com altos níveis de CO2 apresentam mudanças de comportamento e problemas em sentidos como audição e olfato.

A pesquisa foi feita pelo Centro de Excelência para Estudos de Recifes de Coral, na Austrália, com exemplares de peixe-palhaço e peixe-donzela, espécies que vivem próximas a recifes, na água do mar com altos níveis de dióxido de carbono dissolvido por vários anos. “Já estamos realizando essa pesquisa por vários anos e está bem claro que eles sofrem uma alteração significativa em seu sistema nervoso central, podendo prejudicar suas chances de sobrevivência”, afirmou Philip Munday, que publicou a descoberta na revista Nature Climate Change.

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Os filhotes dos peixes, afirmam os cientistas, são os mais afetados pelos altos níveis de dióxido de carbono. Mas os predadores desses filhotes também apresentaram mudanças no comportamento quando expostos a níveis elevados de CO2. “Nosso trabalho demonstrou que o sentido do olfato foi afetado pela presença de mais CO2 na água, o que significa que eles tiveram mais dificuldade de localizar um coral para se abrigar ou detectar o odor de alerta de um peixe predador”, disse Munday.

A audição foi outro sentido afetado. “Eles ficaram confusos e deixaram de evitar os sons dos corais durante o dia. Ser atraído pelos corais à luz do dia os torna presas fáceis para os predadores”, afirma o pesquisador.

Até a capacidade de navegação no ambiente aquático, como as curvas para esquerda ou direita, foram prejudicados nas cobaias expostas a água com muito CO2. “Isto nos levou a suspeitar que o que estava acontecendo não era simplesmente um dano aos sentidos individuais, mas que níveis mais altos de dióxido de carbono estavam afetando o sistema nervoso central dos peixes como um todo”, avalia Munday.

A causa da mudança de comportamento nos peixes, segundo os cientistas, está em um receptor chamado GABA-A em seus cérebros. Esse receptor é extremamente sensível ao CO2. A maioria de animais com cérebros têm receptores GABA-A, mas animais que vivem na água são mais sensíveis a variações de CO2 porque seu sangue tem níveis baixos da substância.

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Segundo a pesquisa, 2,3 bilhões de toneladas de emissões de CO2 se dissolvem nos oceanos do mundo todo ano, provocando mudanças na química da água. Para eles, se as emissões seguirem nessa quantidade, até o fim deste século as consequências para a vida marinha podem ser desastrosas, com extinções em massa de centenas de espécies.

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