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Arqueólogos acham indícios de ‘culto a caveiras’ pré-histórico

Três crânios do Neolítico provavelmente foram utilizados em rituais de adoração aos ancestrais, envolvendo técnicas desconhecidas para a época

Por Da Redação
29 jun 2017, 17h23

Cientistas encontraram o que acreditam ser a primeira evidência de um culto a caveiras da pré-história: três crânios de adultos entalhados em um sítio arqueológico no sudeste da Turquia. Em um estudo publicado nesta quarta-feira na revista científica Science Advances, a equipe de arqueólogos descreve que as modificações nos ossos foram feitas por ferramentas de pedra e são as únicas do tipo para o período Neolítico (de 12.000 a.C. a 3.000 a.C.) já descobertas. Segundo os pesquisadores, os crânios provavelmente foram utilizadas como decoração em rituais de adoração aos ancestrais ou como troféus de inimigos mortos e podem indicar uma nova e desconhecida variação de culto no início do Neolítico no Oriente Médio.

Göbekli Tepe

Detalhes da modificações nos crânios (Julia Gresky, DAI/Divulgação)

Os crânios foram encontrados no sítio arqueológico de Göbekli Tepe, que contém ruínas de um templo construído no começo do neolítico, há 11.000 a.C.. Arqueólogos acreditam que o local é o mais antigo espaço de culto e ritos já descoberto, sem evidências de que pessoas morassem lá, sendo apenas um local de visitação. Ele está sendo escavado desde 1994 pelo Instituto Arqueológico Alemão e, apesar de não haver sepulturas humanas, diversos fragmentos de ossos humanos foram descobertos nas construções e nas áreas adjacentes, entre eles, os ossos analisados, que estavam parcialmente preservados.

Análises feitas pelos pesquisadores do Instituto revelaram que cada crânio teve incisões profundas intencionais no topo central. Um deles teve também um buraco perfurado na lateral esquerda e apresentava restos de ocre (argila colorida) vermelhos. Ao utilizar diferentes técnicas microscópicas para analisar os fragmentos, verificou-se que os entalhes foram feitos com ferramentas de pedra, o que descarta possíveis causas naturais. Além disso, pequenas marcas de corte no crânio demostram sinais de possível de remoção da pele.

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“Essas marcas talhadas são linhas muito fundas no osso e foram definitivamente feitas de propósito. É o primeiro registro de caveira talhada que temos em todo o mundo”, disse a pesquisadora Julia Gresky, do Instituto Arqueológico Alemão e uma das autoras do estudo, ao The Guardian. Segundo o estudo, os buracos provavelmente foram feitos de modo que os crânios ficassem suspensos por cordas sem que as mandíbulas caíssem.

Reconstituição de como o crânio pode ter sido pendurado (Juliane Haelm, DAI/Divulgação)

Culto a caveiras

Ao longo da história, humanos valoraram crânios por diferentes razões, como veneração dos ancestrais ou a crença de que esses ossos transmitem propriedades de proteção. Esse hábito foi batizado de “culto a caveira” por antropólogos e já foi encontrado em outros sítios arqueológicos do Neolítico no Oriente Médio. No entanto, os fragmentos de Göbekli Tepe foram manuseados de um jeito nunca antes observado para a época, além de serem os mais antigos já encontrados. De acordo com Julia, os visitantes do templo seriam adeptos destes rituais. “Eles acreditavam que o poder dos mortos vai para os vivos”, diz a cientista.

Os pesquisadores acreditam ainda que o grupo que frequentava o local estava na transição de nômade para sedentário. Já que, apesar de eles ainda não terem domesticado plantas e animais, há indícios de estarem se estabelecendo de modo fixo na região. Assim, o templo pode ter contribuído para a construção de uma identidade coletiva, reforçada pelos cultos aos crânios, afirma o estudo. Agora, os cientistas procuram por mais crânios e as demais partes do esqueleto para desvendar os mistérios de Göbekli Tepe.

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