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Análise genética revela qual foi o destino dos cananeus

Estudo analisou DNA de cinco indivíduos do povo que viveu há 3.700 anos Líbano, e resultados levantam dúvidas sobre seu fim: um extermínio citado na Bíblia

Por Da redação
28 jul 2017, 12h39

Há cerca de 4.000 anos, os cananeus eram um povo que dominava parte do Oriente Médio e vivia em cidades que hoje correspondem ao Líbano, Israel, Jordânia e Síria. Apesar de terem uma cultura que influenciou tribos vizinhas, quase não deixaram vestígios escritos, o que obrigou os cientistas a confiar em relatos de outras civilizações sobre seu destino. Uma das fontes é o Antigo Testamento, da Bíblia, que afirma que as cidades dos cananeus foram exterminadas pelos israelitas, após o êxodo do Egito. No entanto, uma nova análise genética, publicada no American Journal of Human Genetics afirma que os cananeus não desapareceram: são os ancestrais da população atual do Líbano.

“Estudos que usam o DNA antigo podem expandir nossa compreensão da história e responder questões sobre as possíveis origens e descendentes de populações enigmáticas como os cananeus, que deixaram poucos registros escritos”, afirmou em comunicado o geneticista Chris Tyler-Smith, do Instituto Wellcome Trust Sanger, no Reino Unido, e um dos autores do estudo. “Considerando-se a história complexa dessa região nos últimos milênios, foi bastante surpreendente descobrir que mais de 90% da ascendência genética dos libaneses atuais vem dos cananeus.”

Quem eram os cananeus

Alguns estudos arqueológicos haviam sugerido que as cidades dos cananeus não haviam sido destruídas ou abandonadas. Para tentar descobrir quem era esse povo e qual seu destino, a equipe de cientistas britânicos extraiu e analisou o DNA de cinco esqueletos de 3.700 anos encontrados em Sídon, região portuária do Líbano atual, que era uma das maiores cidades dos cananeus.

A comparação do genoma com outras populações europeias e asiáticas mostrou que cerca de metade dos genes do povo cananeu descendia de tribos que se estabeleceram no Levante (antigo limite geográfico que compreendia a Síria, Jordânia, Israel, Palestina, Líbano e Chipre) há cerca de 10.000 anos. A outra metade era composta de DNA de uma população mais recente que veio de regiões que hoje equivalem ao Irã e se estabeleceu no Levante há cerca de 5.000 anos.

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Com o objetivo de descobrir qual o fim dos cananeus, os pesquisadores compararam o genoma antigo com o DNA de 99 libaneses e de diversas bases genéticas do país. A hipótese era que, se o povo cananeu houvesse sido exterminado, ele não teria conseguido passar seus genes adiante e, portanto, os genes antigos não seriam encontrados em populações atuais. Contudo, a comparação revelou que os libaneses descendem dos cananeus e herdaram mais de 90% de seus genes do povo antigo. O restante, pouco menos de 10% do genoma dos libaneses, vem de imigrantes da Europa Central, que chegaram ao Levante cerca de 3.000 anos atrás.

Extermínio?

Segundo os pesquisadores, as conclusões do estudo não eliminam completamente a possibilidade de que os cananeus tenham desaparecido. Isso porque povos podem ser geneticamente parecidos e culturalmente distintos – ou seja, há a possibilidade de que israelitas e cananeus tivessem DNA bastante parecido e culturas muito diferentes (o que poderio fazem com que fossem inimigos mortais). E, se um desses povos conquistou o outro, não haveria traços no DNA antigo que seriam facilmente identificáveis.

“Agora queremos investigar a história genética anterior e posterior da região e como ela se relaciona às áreas vizinhas”, afirmou Tyler-Smith.

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