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Algoritmos identificam orientação sexual por análise facial

O estudo, que utiliza inteligência artificial para saber com quem uma pessoa se relaciona sexualmente, gerou repercussão entre ativistas do meio LGBTQ

Por Da redação
12 set 2017, 18h57

Estudiosos da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, desenvolveram uma tecnologia que seria capaz de identificar a orientação sexual de uma pessoa ao analisar uma foto de seu rosto. Segundo divulgaram os cientistas na última semana, a pesquisa, que aguarda revisão para ser publicada na revista Journal of Personality and Social Psychology, aponta que a inteligência artificial projetada é capaz de adivinhar com 81% de precisão se um homem é heterossexual ou homossexual ao analisar seus traços faciais em uma única imagem. No caso das mulheres, esse índice cai para 74%. Mas, de acordo com os criadores da máquina, é possível aumentar a precisão para 91%, no caso do sexo masculino, e 83%, no caso do sexo feminino, se forem dadas cinco fotos da pessoa.

“Os resultados avançam nosso entendimento sobre as origens da orientação sexual e os limites da percepção humana. Além disso, considerando que companhias e governos estão cada vez mais usando algoritmos de visão computadorizada para detectar questões íntimas das pessoas, nosso estudo expõe uma ameaça à privacidade e segurança de homens e mulheres gays”, dizem os pesquisadores. No entanto, ativistas da Aliança Gay e Lésbica Contra a Difamação (GLAAD, na sigla em inglês) e do Human Rights Campaign (HRC, na sigla em inglês), dois dos maiores grupos em defesa dos direitos civis LGBTQ, emitiram uma carta posicionando-se contra o estudo. Eles consideram que “a tecnologia não pode identificar a orientação sexual de uma pessoa” e a pesquisa “poderia causar danos às pessoas LGBTQ ao redor do mundo”.

A principal crítica vem do fato de que a análise é feita apenas com base em imagens e que todas as 35.326 fotos utilizadas na pesquisa foram retiradas de um site de relacionamentos público. “O que essa tecnologia pode reconhecer é um padrão encontrado em um pequeno subconjunto de pessoas gays e lésbicas brancas em sites de namoro que se parecem”, disse Jim Halloran, chefe da divisão digital da GLAAD. “Esta pesquisa não é ciência ou novidade, mas é uma descrição de padrões de beleza em sites de namoro que ignoram grandes segmentos da comunidade LGBTQ, incluindo pessoas de cor, transgêneros, indivíduos mais velhos e outras pessoas LGBTQ que não querem publicar fotos em sites de relacionamento.”

Traços físicos

A inteligência artificial desenvolvida pelos pesquisadores foi capaz de distinguir tanto traços físicos, como o formato do rosto e do nariz, quanto gestuais, estabelecendo padrões que funcionariam como critério para identificar sua sexualidade. Os pesquisadores destacam que, entre os homens, gays possuiriam mandíbulas mais estreitas, narizes mais longos e testas maiores que os homens heterossexuais. Entre as mulheres, os traços mais marcantes da homossexualidade seriam mandíbulas maiores e testas menores.

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De acordo com os pesquisadores, estudos anteriores sugerem que humanos têm precisão de 61% para identificar a orientação sexual de um homem, e 54% de uma mulher, apenas analisando imagens. Para os estudiosos, o fato de que a tecnologia utilizada conseguiria garantir ainda mais precisão para detectar a sexualidade de uma pessoa fornece mais evidências à ideia de que a orientação sexual está relacionada à exposição do feto a certos hormônios antes do nascimento. Isso indica que a homossexualidade não é uma escolha e sim uma condição natural.

O posicionamento publicado pela GLAAD e pelo HRC, no entanto, destaca que as suposições do estudo são imprecisas por desconsiderar a diversidade étnica e etária da comunidade LGBT e por ignorar outras formas de sexualidade além de heterossexuais e bissexuais, entre outros pontos. Além disso, os grupos ressaltam que o artigo ainda não passou pelo processo de revisão necessário para ser publicado.

“Em um momento em que grupos minoritários estão sendo alvo de perseguições, essas descobertas imprudentes podem servir de arma para prejudicar tanto os heterossexuais que não se encaixam nos padrões, quanto pessoas gays e lésbicas que estão em situações em que se assumir é perigoso”, defende Jim Halloran.

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