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Vítima de estupro coletivo chora em depoimento no Piauí

As três sobreviventes do ataque brutal de menores infratores e traficante se reencontram e falam à Justiça – ainda hospitalizada, menina de 17 anos não sabe da morte de amiga

Por Felipe Frazão 25 jun 2015, 18h58

As três estudantes que sobreviveram ao estupro coletivo e à tentativa de homicídio em Castelo do Piauí se reencontraram pela primeira vez nesta quinta-feira durante depoimento à Justiça em Teresina, a cerca de 180 quilômetros de onde moram. As meninas J.L.S, de 15 anos, e I.C.M.F, de 16 anos, que estão na casa de parentes e fazem tratamento psicológico na capital piauiense, ainda não tinham visto a amiga R.N.S.R, de 17 anos, que passou doze dias na Unidade de Terapia Intensiva, continua internada no Hospital de Urgência de Teresina e deve receber alta no sábado, data em que o crime completa um mês. As três deram detalhes sobre o estupro ao Ministério Público, à Justiça e à Defensoria Pública, no procedimento judicial que vai decidir sobre a internação dos quatro menores infratores de 15 a 17 anos suspeitos de participação. Eles também estavam no Complexo da Cidadania, local dos depoimentos, mas apenas assinaram documentos e não encontraram as vítimas durante a audiência.

Foi a primeira vez que R.N.S.R. falou oficialmente sobre o crime. Ela se recupera de traumas no crânio – ainda não se sabe se terá sequelas neurológicas – e deixou o hospital com aval da equipe médica. R.N.S.R. conseguiu se recordar de momentos da tarde de 27 de maio, mas chorou durante o depoimento, o que fez com as perguntas fossem interrompidas. As meninas J.L.S. e I.C.M.F. já havia falado à Polícia Civil, mas depuseram novamente.

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As meninas se abraçaram e rezaram com R.N.S.R., que chegou ao local com auxílio de enfermeiros e médicos, amparada em uma cadeira de rodas. As duas que já sabem da morte de Danielly Rodrigues Feitosa, de 17 anos, desconversaram sobre o assunto quando R.N.S.R perguntou sobre a quarta amiga.

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A adolescente J.L.S contou no depoimento que chegou a estudar com o menor I.V.I, também de 15 anos, na infância. Disse que o incentivava a frequentar as aulas, mas que o menor já dizia que “queria ser coisa ruim”. Desde 2014, ele soma doze boletins de ocorrência, seis atos infracionais confirmados e nove processos judiciais desde 2014. Foi perdoado três vezes pela Justiça em abril e deixou de ser apreendido uma semana antes do ataque às meninas.

Nesta semana, já haviam sido realizadas audiências em três cidades: foram ouvidas dezenove testemunhas em Castelo do Piuaí (três de acusação e dezesseis de defesa), seis em Campo Maior (dois policiais militares, uma enfermeira e três conselheiros tutelares), e uma em Altos, o traficante Adão Souza. Ele manteve a versão de que é inocente e afirmou mais uma vez que não estava em Castelo do Piauí na data do crime. À polícia, os quatro menores confessaram o crime e delataram a participação de Adão. Segundo os garotos, ele estuprou, agrediu e empurrou de um penhasco as quatro adolescentes, além de ter obrigado os menores a também abusar sexualmente das vítimas com um revólver calibre 38 – a arma nunca foi encontrada. Adão pode pegar 151 anos e dez meses de cadeia, segundo o Ministério Público. Os menores, no máximo três anos de reclusão.

Defesa – Parte das testemunhas, entre elas amigos dos garotos, disse que, à exceção de G.V.S., que foi reconhecido pelas meninas e detalhou o ataque sexual em vídeo gravado pela Polícia Civil, os menores F.J.C.J, de 16 anos, B.F.O e I.V.I, ambos de 15 anos, estiveram na casa em construção do vereador Raimundo Mineiro, tio de uma das vítimas na tarde do crime. A mãe de I.V.I, Patrícia Visgueira Izaias, também deu esta versão ao site de VEJA há duas semanas. O depoimento de uma testemunha à Polícia Civil, Walyson Vieira dos Santos, amigo dos menores, indica, porém, que dois deles saíram da obra por volta das 13 horas. Os responsáveis pela construção também disseram que os menores estiveram no local, mas saíram cedo.

“Eles querem alegar que os menores não estavam no local na hora do crime, mas essa versão não se sustenta”, diz o promotor Cezário de Souza Cavalcante Neto.

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Com o fim da fase de instrução do processo, o juiz de Castelo do Piauí, Leonardo Brasileiro, vai abrir prazo para o Ministério Público e a Defensoria Pública apresentarem as alegações finais. A Justiça tem de proferir a sentença até o dia 11 de julho, data em que termina o prazo de 45 dias para a internação provisória previsto no Estatudo da Criança e do Adolescente (ECA) – e dia do aniversário de 17 anos de F.J.C.J.

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