Pouco mais de 512.000 pessoas foram assassinadas no Brasil entre 1997 e 2007, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O número é comparável até ao registrado em guerras sangrentas, como a que atingiu Angola entre 1975 e 2002 e que dizimou 550.000 vidas. Há uma grande diferença, contudo: o conflito africano durou 27 anos.
Outros dados revelam a espantosa dimensão da violência no Brasil. O país apresenta uma taxa anual de 25,8 homicídios a cada 100.000 habitantes. Os Estados Unidos registram 6 e a França, 0,7. Para a OMS, a situação brasileira já é endêmica, pois ultrapassa a marca de 10 assassinatos a cada 100.000 habitantes por ano.
A violência aumenta especialmente no interior e entre a população mais jovem. O país ocupava, em 2007, o sexto lugar no ranking mundial de assassinatos de pessoas com idades entre 15 e 24 anos, segundo os dados mais recentes da OMS. No mesmo ano, apenas 18,6% da população brasileira era considerada jovem, mas essa faixa etária concentrou 36,6% dos homicídios. Ao todo, foram mortos 172.300 jovens no período 1997-2007.
Apesar de as capitais ainda oferecerem maior risco, há uma interiorização dos assassinatos. Investimentos nas polícias, em tecnologia e na construção de prisões, fizeram com que a taxa de assassinatos nas capitais tenha caído de 45,7 para 36,6 a cada 100.000 habitantes entre 1997 e 2007. Já as ocorrências em municípios do interior subiram de 13,5 para 18,5 a cada 100.000, no mesmo período.
Regiões e estados não mostram a mesma eficiência no combate ao problema. O Maranhão, por exemplo, registrou um crescimento desses crimes da ordem de 240% entre 1997 e 2007 – foi o recordista. As maiores quedas foram observadas em São Paulo (50,3%) e Rio de Janeiro (20,8%). Entre as regiões geográficas do país, os assassinatos aumentaram 97,6% no Norte; no Sudeste, queda – a única do país – foi de 20,3%.
Esse é o retrato da segurança pública brasileira. Durante esta semana, VEJA.com vai analisá-lo ouvindo especialistas e as campanhas presidenciais, para saber, afinal, que Brasil os candidatos pretendem construir nos próximos quatro anos.
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