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‘Vi baderneiros e bandidos infiltrados’, diz músico cercado por black blocs

Protesto próximo ao Maracanã encurralou motoristas. No meio do tumulto, um policial civil sacou arma e fez disparos para o alto

Por Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
Atualizado em 30 jul 2020, 21h56 - Publicado em 16 jun 2014, 17h18

O músico Marcelo Moreno não é um coxinha – como os manifestantes radicais chamam aqueles que não concordam com quem está nas ruas. Para conhecer as manifestações, Moreno foi a diversos protestos, presenciou confrontos entre mascarados e a polícia e chegou a se vestir como um Black Bloc para saber quem eram os jovens que se aproveitam do anonimato para depredar o patrimônio público e privado. No último domingo, no entanto, Moreno enfrentou um drama que o levou a ter outra visão sobre as manifestações.

Moreno e a mulher voltavam para casa, a duas quadras do Maracanã, quando ficaram presos em um congestionamento no Boulevard 28 de Setembro, em Vila Isabel – bairro vizinho ao Maracanã. O casal pretendia chegar em casa antes do término do jogo entre Argentina e Bósnia. Poucos minutos antes do apito final, no entanto, Moreno teve o carro cercado por Black Blocs armados com paus e pedras.

“Vi baderneiros e bandidos infiltrados. Eu me senti acuado, preso com minha mulher e meu cachorro, sem ter como escapar daquela situação. Nossos olhos ardiam devido ao gás lacrimogêneo lançado pela polícia. De repente, o motorista do carro ao lado saiu com uma arma na mão gritando para que os baderneiros se afastassem”, contou Moreno.

O policial, identificado pela Polícia Civil como inspetor Luiz do Amaral, estava com uma mulher grávida no carro, segundo relato de Moreno. Um vídeo publicado no Facebook do grupo Anonymous mostra o momento em que Amaral diz aos manifestantes e cinegrafistas que é policial. “Sai de perto de mim”, grita ele, que segura uma arma e caminha entre carros parados no congestionamento.

https://youtube.com/watch?v=hV_AL28E_mY%3Flist%3DUUYC5wk0J5TdqUDoB0S1vkVQ

“Os baderneiros não se intimidavam com a arma e chegavam cada vez mais perto. Ele disparou para o alto. Estava acuado e tinha razão para isso. Acho que queria afastar os manifestantes e evitar que a gente ficasse no meio do confronto entre os baderneiros e a polícia. Tive medo que ocorresse uma tragédia”, disse Moreno.

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De acordo com o músico, a mulher grávida que estava no carro do policial gritava e chorava compulsivamente. Depois dos disparos, Moreno conseguiu escapar e dirigir alguns metros, mas teve o carro parado por mascarados armados com paus e pedras em um cruzamento. Um deles ficou no meio da rua, impedindo a passagem do veículo, enquanto outros jogavam lixeiras no meio da pista.

“Estava claro que eles iriam colocar fogo nas lixeiras, que estavam muito próximas ao nosso carro. Por uma fração de segundos, pensei em acelerar e atropelar o garoto, tamanho o pavor. Você não sabe qual é a reação da turba”, lembrou Moreno, que conseguiu convencer o mascarado a deixá-lo passar.

Moreno contou ainda que ao se livrar do bloqueio dos mascarados ouviu mais três disparos. Os tiros, como mostra o vídeo publicado no Facebook, foram disparados pelo policial civil. “Vi as imagens. Do jeito que o vídeo foi publicado, fica parecendo que o policial estava ali para perseguir manifestante, que ele estava infiltrado na manifestação. E isso não é verdade. Ele queria sair dali e estava sendo impedido”, afirmou.

Em nota, a Polícia Civil informou que a Corregedoria Interna instaurou uma sindicância para apurar a conduta do inspetor Luiz do Amaral.

Protesto – O protesto contra a Copa do Mundo reuniu cerca de 150 pessoas, no início da noite de domingo. Manifestantes entraram em confronto com policiais militares próximo ao Maracanã. Impedidos de ultrapassar uma barreira policial nas imediações do estádio, mascarados lançaram três coquetéis molotovs contra os PMs, que revidaram com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.

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Houve correria e diversos bares da região fecharam as portas. Torcedores que acompanhavam o jogo nos bares discutiram com mascarados, que carregavam pedaços de madeira usados como escudo. Parte dos manifestantes correu para a Boulevard 28 de Setembro, em Vila Isabel. Mascarados e armados com paus e pedras, os radicais depredaram agências bancárias ao longo da via e levaram desespero aos torcedores que assistiam ao jogo nos bares da região.

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