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Um ano após massacre, escola do RJ ensina superação

Por Da Redação
1 abr 2012, 11h00

Por Clarissa Thomé

Rio – Quando o desempregado Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira e atirou em 20 meninas e 4 meninos, matando a metade, parecia que o colégio de Realengo, na zona oeste do Rio, ficaria marcado para sempre. Um ano depois da tragédia, sem precedentes no Brasil, existe ali uma escola modelo.

O prédio atacado foi reformado e um anexo erguido, ao custo de R$ 9 milhões. As salas ganharam recursos multimídia e professores passaram por reciclagem. Mas os alunos ainda têm acompanhamento psicológico. “Estamos reinventando a escola”, afirma a diretora adjunta, Daisy Carvalho.

Ainda há alunos traumatizados – crianças que sofrem com pesadelos, desenvolveram gagueira, voltaram a fazer xixi na cama, tornaram-se introspectivas. Há aquelas que resistem a ir às aulas. “Às vezes, o vento abre a porta da sala devagarinho e o coração já começa a pular. Às vezes, não quero vir, quero fingir que nada disso aconteceu. Mas também é bom falar, desabafar”, conta Joyce Losso, de 16 anos. “Tão cedo eles não vão se curar”, admite a diretora adjunta.

Uma rede de solidariedade se formou em torno do colégio – os 400 alunos do turno da manhã, que vivenciaram o ataque, ganharam notebooks em um programa de TV e pessoas com histórias de superação visitaram a escola para dividir a experiência. O iatista Lars Grael contou do acidente, durante uma competição, em que teve a perna amputada e a bailarina Ana Botafogo, cujo marido morreu afogado, aos 38 anos, falou de perdas.

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Os professores também precisaram de apoio. Dos 52, 4 foram afastados e 2 ainda estão de licença: uma porque teve bebê e outra porque ainda não conseguiu se recuperar.

Todos os integrantes do corpo docente foram orientados a serem menos rigorosos nas avaliações dos alunos. O índice de repetência caiu de 25% para 10% dos 980 estudantes.

“Nada pode ser igual. Um coletivo inteiro sofreu um baque absolutamente inesperado. É preciso ir aos poucos, reconstruindo um trabalho para voltar a ter cobrança mais rigorosa. Nesse processo, os alunos vão superando o que passou”, afirma a educadora Hilda Alevato, professora de pós-graduação da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ela elogia o que chama de “opção pelo afeto” da coordenação pedagógica, ao aliviar a cobrança.

Mesmo assim, o ataque do ano passado fez os pais de 40 alunos pedirem transferência. Alguns até pediram para voltar. E outros cem se matricularam neste ano.

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Segurança

Hoje, para entrar na escola, o visitante se identifica e ganha um crachá – ao contrário da manhã de 7 de abril do ano passado, quando Wellington Oliveira circulou pelo local com uma bolsa e dois revólveres. O massacre de Realengo ainda fez as escolas da cidade passarem a ter porteiro. E a Guarda Municipal ainda mantém equipe na Tasso da Silveira. “Hoje, eu não tenho muito medo. Às vezes, fico pensando que não vou ver meus colegas de novo, mas estamos muito mais amigos”, diz Patrique Figueiredo, de 15 anos, que escorregou em uma poça de sangue e quebrou um dedo do pé, ao tentar fugir do atirador.

Em uma das oficinas, realizadas ano passado, os alunos e professores pintaram azulejos que compõem um mural de 34 metros de extensão. Nos desenhos, declararam o amor pela escola, e seus desejos de paz.

A Tasso da Silveira não ergueu memorial para lembrar os 12 alunos mortos. Também não programou nenhum evento para marcar o primeiro ano da tragédia. Não é descaso – é estratégia. “Precisamos pensar no futuro, no agora”, diz Daisy. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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